Entrevista: Carol Steinert, Madu Souza, Nicoly Rodrigues, e Nini Vasconcelos
Tradução: Vitória A. Ferreira
Booking: Carol Steinert
Crédito de fotos: YY Entertainment
Design: Vicky Barros
Após ter feito retorno com seu fascinante terceiro mini álbum “3”, o BANG YONGGUK abriu seu coração em uma conversa exclusiva com a HIT!
Nessa entrevista, o rapper compartilhou experiências pessoais e opiniões sobre a indústria musical, falou sobre seus processos criativos e relembrou a visita ao Brasil!
Time HIT!: Você é um artista que sempre fala muito sobre sua própria vida e sentimentos em suas músicas. Como é o seu processo de canalizar sua dor, preocupações e felicidade em suas letras?
BANG YONGGUK: Eu acho que normalmente estou escrevendo minhas letras com emoções que sinto e aprendo com minhas experiências de vida. Concluindo, coloquei a minha história na minha música. Acho que a minha música descreve toda a minha vida, seja um assunto pesado ou leve. Eu acho que existem vários BANG YONGGUK nelas, independente do que quero esconder e mostrar.
Time HIT!: 3 O FULL VIDEO parece ter sido feito como se fosse um minifilme, contando uma história completa. Com diferentes configurações e cores para cada parte, como você desempenhou o papel no criativo nas decisões? O que motivou cada aspecto da produção de cada MV, como a localização e a paleta de cores?
BANG YONGGUK: Quando planejo meu álbum e defino um conceito, coloco a imagem nele primeiro. O começo deste álbum foi que eu tive que incluir visualizers para cada música enquanto as preenchia com várias fontes. Quando eu mesmo planejei este projeto, pensei que seria impossível para as pessoas a minha volta fazê-lo devido ao orçamento e a outros problemas. Acho que conheço melhor a minha música. Então, acreditei em mim mesmo e tentei fazê-lo. Este é o resultado. Foi um projeto difícil, mas quero agradecer ao pessoal por confiar em mim e por me acompanhar.
Time HIT!: Como artista que tomou muitas precauções durante a sua carreira, adquirindo os direitos para o seu próprio grupo, músicas e até merchandising, como você vê a necessidade dos artistas hoje em dia terem o seu próprio sentido de propriedade sobre os seus produtos criativos?
BANG YONGGUK: Os direitos dos criadores são sempre importantes. Mas se você está falando sobre o recente debate entre produtores e artistas sobre direitos de masterização, eu gostaria que todos os artistas aprendessem mais sobre o ambiente de produção e gravação. A separação dos direitos do autor e dos direitos de masterização sempre foi objeto de debate desde o fim do termo do contrato. Mas, pessoalmente, eu ainda acho que é um sistema não convencional que os direitos de masterização da indústria não existam para os artistas, nem mesmo uma única porcentagem. Acho que as apostas nos direitos de masterização devem ser discutidas por produtores e artistas, porque o sistema de liquidação da indústria do entretenimento permite que produtores e artistas paguem pela produção em conjunto. Acho que é necessário aprofundar esta questão.
Time HIT!: Em entrevista ao K-pop Herald, há dois anos, você comentou sobre poder concentrar-se mais em si mesmo e na sua própria história como artista nas suas produções. Dito isto, que aspecto de si próprio conheceu melhor e poderia revelar nas suas novas produções?
BANG YONGGUK: Este álbum é significativo porque desafiei o gênero e o ritmo de que não gostava antes. Tentei sair da música que existia do BANG YONGGUK. Ao experimentar coisas de que não gostava, pude compreender mais as características do gênero e estudar para mudá-las de acordo com o meu estilo. Eu também sinto que o aprendizado de música não tem fim, embora eu esteja fazendo isso há mais de 10 anos.
Time HIT!: Você está por trás da maioria das músicas do álbum de estreia do JUST B, “JUST BURN”. Como você se sente sabendo que você faz parte de um momento tão importante na vida de um grupo e que mensagem você quer transmitir com “DAMAGE”?
BANG YONGGUK: Se o K-pop precisar de mim, fico muito honrado. Mesmo antes do debut deles, eles tinham habilidades incríveis e foi uma grande honra para mim poder participar de seu álbum de estreia como produtor. O potencial de todos os artistas de K-pop está além da imaginação. Acho que é preciso muito esforço para descobrir e florescer isso. Eles queriam lançar um novo tópico na cena e “DAMAGE” foi um trabalho que significou isso. Até agora acho que é uma ótima música.
Time HIT!: “HIKIKOMORI” é uma das músicas mais emocionantes que você tem, com letras profundas que podem tocar o coração de muitas pessoas. Você pode enviar uma mensagem para aqueles que se identificaram com essas letras?
BANG YONGGUK: O que quero dizer com “HIKIKOMORI”? Se você já ouviu a música, tudo o que quero dizer está na letra. Se você se identificou com essa música, quero estender minha mão e enviar abraços calorosos em vez de palavras.
Time HIT!: Como você vê a cena atual do rap, com toda uma nova geração que sentiu e seguiu sua vibe junto com todos os seus ensinamentos ao longo dos anos? E qual é a sua opinião sobre como a música está evoluindo?
BANG YONGGUK: O surgimento de uma nova geração e o fluxo das novas tendências musicais são boas notícias de que o mercado continua a realizar uma autopurificação maravilhosa. O desenvolvimento está no fato de que, à medida que os tempos mudam, eles não estão presos nas últimas tendências. Jovens amigos estão mostrando uma variedade de características de gênero e histórias que só eles podem expressar. Às vezes é difícil para mim me identificar 100% com isso, mas também significa que os artistas mais novos estão liderando as tendências culturais centrais. Em vez de procurar o que é bom e o que é ruim, tenho certeza de que se trata de uma cultura do K-pop que se move em direção ao desenvolvimento, continuando a criar novas tendências e não estagnado.
Time HIT!: Quais são os desafios que enfrenta enquanto artista e produtor independente? Tendo em vista que todo o entusiasmo está concentrado nas grandes empresas, e como superá-los?
BANG YONGGUK: Desde que eu estava em um grupo, tenho me esforçado muito para não me importar muito com nada além de música. Mesmo agora, como artista solo, tento não me comparar com outras empresas nesta área do capital, do marketing, das relações públicas, etc., no ambiente de produção de um álbum. Se estou fazendo o meu melhor no que posso, é provavelmente o meu melhor. Não é importante comparar a minha situação com outro artista ou empresa. Sei que alguns de vocês estão fazendo música em um ambiente muito mais fraco do que o meu. Somos criadores. Nós apenas tentamos trabalhar em algo ainda maior. Mesmo se apenas uma pessoa apreciar o meu valor.
Time HIT!: Há uma frase frequentemente citada quando o seu nome está em foco: “Se ele não é o seu artista favorito, ele é o favorito do seu favorito.”. Com uma carreira cheia de sucessos e trabalho duro, quais são os seus sentimentos sobre o “fardo” carregado como um instrutor que indiretamente inspirou muitos grupos e solistas que agora têm uma história no mundo da música?
BANG YONGGUK: Que honra e generosidade. É um grande prazer inspirar alguém criativamente. E não quero chamar isso de “fardo”. Eu chamo de “honra”. Tive muitos artistas e equipes que foram prestativos e solidários na minha carreira.
Time HIT!: Você disse algumas vezes em entrevistas que tem uma visão de que a música não vem apenas com música, mas com arte, moda, etc. Com isso em mente, quem são alguns dos artistas visuais/pintores/designers que o inspiram na sua criação?
BANG YONGGUK: É tão difícil listar cada um deles, mas há uma música chamada “See you later” no meu álbum “BANGYONGUK”. É algo como o meu desejo. Claro que ainda não é legal. Contém histórias sobre a minha vida e carreira. Muitos artistas que me inspiraram também estão nas letras. Eu quero recomendar esta música para quem está curioso sobre isso.
Time HIT!: Recordando seu comovente single de estreia “I Remember” e fazendo a transição para o seu mais recente lançamento “BUSS IT DOWN”, qual foi a mudança mais significativa, considerando os seus pensamentos e compreensão da realidade como artista, músico e, acima de tudo, ser humano?
BANG YONGGUK: Se eu apontasse as diferenças entre as duas músicas, acho que estou me esforçando para não ficar estagnado. Acho que os meus pensamentos e mentalidade não mudaram muito a este respeito. Eu ainda sinto que estou vivendo como BANG YONGGUK. A única diferença é que envelheci (Risos).
Time HIT!: Há algum tempo, você disse que queria obter um certificado de sommelier de vinhos. Isso já aconteceu? E, você é alguém que fica mais inspirado quando compõem bebendo?
BANG YONGGUK: Li e estudei muitos livros relacionados a vinhos, mas ainda não consegui uma certificação. Quero dar uma desculpa de que não tenho tempo, mas talvez eu seja preguiçoso, certo? Muitas vezes adiciono álcool à minha música. A razão, para ser sincero, é que quando escrevo a minha própria história nas letras acho que uma pequena quantidade de álcool torna as pessoas mais honestas quando falam com alguém. Acho que é por isso, quero ser honesto quando componho para as pessoas que ouvem a minha música e comigo mesmo.
Time HIT!: Como alguém com uma história tão complexa e longa na indústria, se você fizesse um documentário de sua vida como artista, como seria chamado? E quais são algumas partes que você gostaria especialmente de ver nele?
BANG YONGGUK: Já tenho um documentário que queria fazer. Fora isso, levaria muito tempo para criar uma imagem mais ampla da minha vida. Se possível, gostaria de incluir o título do meu primeiro álbum completo nesse documentário. Particularmente, eu gostaria de incluir a minha vida como artista. E então gostaria de adicionar a vida que estou vivendo depois da aposentadoria, embora eu não imaginar como estarei no futuro.
Time HIT!: Em uma entrevista, você disse que não queria que seu próximo álbum fosse tão realista, mas como CEO de uma empresa, você teria que pensar dessa forma. Como é que você vê esse equilíbrio nos dias de hoje? Você é capaz de pensar fora da caixinha. O que te levaria a um campo mais criativo, ou você ainda sente que tem que manter tudo em equilíbrio por causa da empresa?
BANG YONGGUK: Agora penso que minha carreira não importa. Talvez seja porque eu tenha feito álbuns sobre temas irreais e realistas desde então. O que eu faço enquanto criador de música, produtor, diretor criativo ou produtor executivo será uma opção dentro da área. Também eu concluí que, quando estou fazendo tudo sozinho, isso realmente não significa muito. Pelo menos no meu álbum. Vou me concentrar mais na música que quero fazer e na história que quero contar. Não sei por quanto tempo vou conseguir fazer isso, mas acho que vou fazê-lo quando fizer o meu último álbum.
Time HIT!: Há oito meses, numa entrevista à tvN Asia, você disse que queria ser conhecido por ser um músico que está sempre experimentando coisas novas, trabalhando arduamente e a nunca esquecendo de fazer música como faz desde criança. De todas as coisas que você experimentou como músico e produtor, quais são as experiências mais memoráveis que você teve? Há alguma coisa que você gostaria de repetir ou refazer?
BANG YONGGUK: Em primeiro lugar, quero me elogiar por continuar a cumprir a promessa que fiz há oito meses. A maior lembrança da minha vida é que trabalhei duro em fazer álbuns para o grupo B.A.P. nos meus 20 anos. Desde quando eu era estagiário, fiz muitas coisas com os membros, incluindo turnês pelo mundo todo. Foi uma época em que realizei todos os sonhos que tinha na minha infância. Além disso, fiz isso com minha própria música. Olhando para trás, tenho vontade de fazer o que torna real os grandes amigos que ainda estão lá. Hoje em dia estou trabalhando arduamente para me tornar alguém que possa fazer isso, é claro.
Time HIT!: Músicos e produtores passam por vários processos para fazer as músicas ganharem vida e conseguirem cativar o público, o que você fez de forma espetacular em sua carreira. Você já se deparou com uma música que era muito difícil de produzir?
BANG YONGGUK: Em primeiro lugar, muito obrigado por me dizer que vocês foram cativados. Isso me lembra “BANGYONGGUK”, que foi meu primeiro álbum solo completo. Tem uma parte que todos querem esconder. Eu acho que esse álbum foi realmente difícil de fazer, porque foi um álbum que tirou a vergonha que ficava no fundo do meu coração. E acho que nunca mais vou fazer um álbum como esse.
Time HIT!: Como você se sente sobre o fato de que tantas pessoas ao redor do mundo se identificam com as suas histórias através das músicas que escreve?
BANG YONGGUK: Se houver pelo menos uma pessoa no mundo que se identifique com a minha música, compartilhe os meus sentimentos e goste dela, eu penso que estava certo mesmo em nascer na Terra. Quero agradecer-lhes mais uma vez.
Time HIT!: Várias experiências e pormenores da rotina são coisas que fazem parte das suas músicas, por exemplo, em “Dark Amber & Ginger Lily”.Você disse que isso aparece em várias de suas letras em entrevista para MyMusicTaste. Você já se inspirou em uma experiência incomum para uma música? Algo engraçado ou inesperado da vida cotidiana, por exemplo.
BANG YONGGUK: Há uma música chamada “BAD (feat. YOUHA)” do meu álbum recente. A letra diz; “sente, espere, mão, tudo está em você*”. Isso significa que, se eu gostar de alguém, serei mais submisso do que as pessoas pensam. Quando encontro fãs em vários eventos, como evento de autógrafos, estou tentando fazer várias coisas o máximo que posso para o evento, embora não seja fácil para mim. Eu acho que isso exemplifica.
*Tradução livre
Time HIT!: O que você lembra da sua visita ao Brasil há muitos anos? Gostaria de voltar para o nosso país?
BANG YONGGUK: Lembro-me de ir ao Rio de Janeiro. Penso que foi quando participamos de um show abrangente. Demorou muito tempo, mas ainda me lembro de como era bonito. Acho que não me apresentei no Brasil desde então. A América do Sul é um continente que ainda não pude fazer turnês enquanto me promovia como solista. Espero encontrar meus fãs brasileiros o mais rápido possível em uma turnê sul-americana.
Time HIT!: Por favor, envie uma mensagem ao B.A.B.Ys brasileiros!
BANG YONGGUK: Caros fãs do Brasil. Esta é uma pequena saudação vinda de longe, da Coreia. Obrigado por me ouvirem. Como eu disse antes, estou ansioso para encontrá-los no Brasil em uma turnê sul-americana o mais rápido possível. Até ao dia em que nos encontrarmos, por favor, deem amor a minha música e aguardem. Obrigado.