Em um momento que pegou muitos de surpresa, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sugeriu durante seu primeiro encontro com o líder sul-coreano, Lee Jae Myung, que Washington poderia buscar a propriedade efetiva dos terrenos onde estão instaladas as bases militares norte-americanas na Coreia do Sul.
A declaração foi feita durante conversas na Casa Branca nesta segunda-feira (26/08/2025) e representa uma mudança significativa em relação aos acordos que regem a presença militar dos EUA no país há décadas .
Ao ser questionado sobre uma possível redução no número de tropas norte-americanas na Coreia do Sul, Trump evitou responder diretamente: “Não quero falar sobre isso agora, porque somos amigos”. Em seguida, passou a questionar o atual sistema de uso dos terrenos: “Eles diriam: ‘mas nós demos a terra’. Eu respondo: ‘não, não deram. Vocês nos alugam a terra’. Há uma grande diferença entre dar e alugar. Talvez uma das coisas que eu queira fazer é pedir que nos deem a propriedade da terra onde temos o grande forte”.
A escolha das palavras chamou atenção por contrastar com acordos históricos entre os dois países, como o Tratado de Defesa Mútua e o Acordo sobre o Status das Forças, que determinam que as bases usadas pelos EUA funcionam sob um regime de empréstimo e devem ser devolvidas quando deixarem de ser necessárias.
A observação aumenta a incerteza sobre as negociações em torno do custo da manutenção das tropas norte-americanas na península coreana, tema que já era delicado e complexo.
Trazendo o foco de volta para a agenda de paz, o presidente Lee Jae Myung apelou à experiência anterior de Donald Trump com a Coreia do Norte, relembrando os momentos de diálogo com Kim Jong-un ao qual Trump respondeu de forma positiva.
Ambos os líderes também destacaram a importância da cooperação econômica entre os dois países, com Lee defendendo que a aliança seja ampliada para incluir tecnologia e energia, enquanto Trump citou explicitamente a indústria naval.
A proposta de Trump sobre a posse de terras rompe com um entendimento mantido há décadas e, se levada adiante, pode abrir espaço para negociações complexas. Desde o fim da Guerra da Coreia (1950–1953), a presença militar dos EUA no país é regida por acordos que preveem uso compartilhado das bases, empréstimo das áreas e devolução futura, nunca a transferência de propriedade
A declaração também vem em um momento delicado: a Coreia do Norte segue avançando em seu programa nuclear e realizando testes balísticos, enquanto Seul e Washington mantêm exercícios militares conjuntos frequentemente criticados por Pyongyang.
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Foto: Yonhap

