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Sorte, persistência, ode à juventude e conexões inesperadas com o Brasil – Entrevista Mina Miyajima

Entrevista: Joana de Alcantara
Design: Jéssica Fernandes

Com mais de 1,4 milhão de exemplares vendidos e o prestigiado prêmio Honya Taisho na estante, a autora Mina Miyajima transformou a excêntrica Akari Naruse em um fenômeno cultural no Japão.

Em entrevista exclusiva à HIT!, ela revela como transformou frustrações em um best-seller, o processo de escrita durante a pandemia e compartilha uma conexão surpreendente e carinhosa com o Brasil, vinda diretamente de sua infância em Shizuoka.

TIME HIT: “Naruse vai dominar o mundo” é seu livro de estreia e já conquistou milhões de leitores no Japão. Como foi para você voltar a escrever em 2017 e criar uma protagonista como Akari Naruse, tão cheia de sonhos e atitudes únicas?

Na época eu queria me tornar escritora e me inscrevia em concursos para novos escritores. Há vários caminhos para se tornar uma escritora e eu acreditava que vencer um concurso patrocinado por uma editora seria o mais seguro deles para alguém como eu, apenas começando na carreira. 

Akari Naruse nasceu na minha quarta tentativa. Perdi três vezes e achei que precisava criar um novo personagem. Até então, quase todos os meus personagens eram mulheres adultas de idade próxima à minha e Naruse nasceu a partir da ideia de escrever sobre uma garota excêntrica do ensino fundamental 2.

Enquanto escrevia, pensava em quais ações dela a tornariam interessante. Mesmo após terminar de escrever o livro, ajustei os diálogos para aprimorar a completude da personagem e talvez isso tenha acabado por me fazer conquistar o prêmio.    

TIME HIT: O livro também traz temas atuais, como o contexto da pandemia, com referências a máscaras e distanciamento social. Como esse período influenciou a sua escrita e o desenvolvimento da Naruse?

A pandemia da covid afetou as crianças mais do que a mim. A escola das crianças fechou temporariamente, os eventos foram cancelados e elas não puderam manter sua rotina escolar normal. Também em “Naruse vai dominar o mundo” esse período está refletido em cores vivas. Eu escrevi o livro enquanto procurava o que eu poderia fazer em meio à pandemia.  

TIME HIT: Seu livro vendeu mais de 1,4 milhão de exemplares no Japão, o sucesso dele foi muito rápido e expressivo, culminando com o prêmio Honya Taisho, e agora chega ao Brasil. O que você sente sabendo que seu trabalho impactou/alcançou tantas pessoas?

Quando escrevi “Naruse vai dominar o mundo”, nunca imaginei que o livro seria lido por tantas pessoas. Também por ser minha obra de estreia, pensei que não venderia muito. Vários fatores o fizeram se tornar um best-seller, mas acho que o principal foi sorte mesmo. 

TIME HIT: Em uma entrevista para o The Japan News, você mencionou interesse em explorar outros gêneros, como romances e mistérios. Já tem planos concretos ou projetos em andamento para esses novos caminhos?

No momento escrevo sobre uma monja que se disfarça numa adolescente irreverente. Além desse, não tenho ainda nada de concreto, mas acredito que possa eventualmente vir a escrever romances de amor e mistério. 

TIME HIT: Por fim, que mensagem você gostaria de deixar para os leitores brasileiros que estão conhecendo agora a Naruse e suas histórias?

Muitos brasileiros residem na cidade de Fuji, província de Shizuoka, onde nasci e cresci. Havia uma criança brasileira na escola fundamental 1 onde eu estudei. Ela voltou ao Brasil e não sei o que aconteceu com ela depois disso, mas sinto que onde quer que ela esteja talvez possa ler meu livro. 

Muitos leitores japoneses adultos comentam que “gostariam de ter encontrado Naruse quando eram adolescentes”. Gostaria que os adolescentes lessem o livro agora e espero que muitos adultos o façam também.  

Agradecimento especial: Editora Intrínseca 

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