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O que a reeleição de Trump significa para a Coreia do Sul?

Design: Barb

Campina Grande, 13 de novembro de 2024.

Após a vitória de Donald Trump nas eleições ocorridas na semana passada, o presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk-yeol, entrou em contato rapidamente com o líder americano para reafirmar os laços entre os dois países e discutir os principais desafios geopolíticos. Durante a ligação, realizada na manhã do último dia 7 de novembro, Yoon destacou a crescente ameaça nuclear da Coreia do Norte e enfatizou a necessidade de uma estratégia conjunta para fortalecer a segurança na região, considerando os conflitos em andamento na Ucrânia e no Oriente Médio, que poderiam influenciar as prioridades de segurança dos EUA.

Trump, que já demonstrou uma postura imprevisível, respondeu que está comprometido com a defesa da Coreia do Sul, destacando que vê com importância o equilíbrio de forças no Pacífico, mas também sinalizou que seu foco poderá estar voltado para outras crises. Para Yoon, a ligação foi uma oportunidade de garantir que o relacionamento com Washington, especialmente em termos de defesa e segurança nuclear, seja reforçado durante o próximo mandato.

O impacto das prioridades internacionais de Trump na segurança da Coreia do Sul

A relação entre Trump e a Coreia do Sul nos próximos anos dependerá, em grande parte, das mudanças nas prioridades globais dos Estados Unidos. Embora a segurança no Pacífico tenha sido um ponto central durante o seu primeiro mandato, especialistas sugerem que, com seu retorno ao poder, o ex-presidente poderá dar mais atenção a outras regiões, como o Oriente Médio e a Europa, especialmente diante da crise na Ucrânia e das tensões com a China. Isso pode significar uma diminuição no foco da administração Trump em questões diretamente relacionadas à Península Coreana, o que poderia afetar a presença militar dos EUA e o engajamento nas negociações sobre a desnuclearização da Coreia do Norte.

Para a Coreia do Sul, essa mudança de foco seria preocupante, pois o apoio militar dos EUA, incluindo a realização de exercícios militares conjuntos, tem sido um pilar essencial na dissuasão das ameaças norte-coreanas. A presença de forças americanas na região é vista como uma garantia de que a Coreia do Norte não se atreveria a realizar ataques diretos. A questão da segurança nuclear também foi uma das que mais preocupou Yoon durante a conversa com Trump, com o presidente sul-coreano destacando que o papel dos EUA nesse aspecto deveria se manter firme, independentemente das mudanças de foco estratégico dos americanos.

A relação pessoal de Trump com Kim Jong Un

Durante o primeiro mandato, Trump adotou uma abordagem de “diplomacia pessoal” com o líder norte-coreano Kim Jong Un, realizando encontros históricos em 2018 e 2019, que representaram esforços sem precedentes para resolver a questão nuclear da Coreia do Norte. Contudo, essas reuniões não resultaram em avanços significativos, e Pyongyang continuou com seu programa de armas nucleares, o que gerou frustração em Seul e em outros aliados.

Especialistas indicam que o presidente Yoon Suk-yeol se vê em uma posição delicada, já que a Coreia do Sul depende da aliança com os EUA para sua segurança, especialmente frente à ameaça nuclear do Norte. Contudo, as mudanças no foco da política externa dos EUA, com o aumento da importância de conflitos globais, podem levar a Coreia do Sul a repensar sua própria estratégia de segurança, buscando diversificar suas parcerias e se adaptar a um cenário mais volátil.

Embora o presidente reeleito tenha uma relação próxima com Kim Jong Un, o cenário de 2024 é muito diferente de 2017, com novas dinâmicas políticas e militares que podem limitar a capacidade dos EUA de intervir diretamente nas questões da Península Coreana. Caso Trump busque um acordo com Pyongyang, será necessário um equilíbrio cuidadoso entre pressão e incentivos, o que exigirá um foco renovado na região, sem desconsiderar os desafios globais.

O futuro da cooperação econômica entre EUA e Coreia do Sul

Outro ponto de destaque na conversa entre os presidentes foi a cooperação econômica. Durante o primeiro mandato de Trump, houve considerável pressão sobre os parceiros comerciais dos EUA, incluindo a Coreia do Sul, para renegociar acordos e melhorar a balança comercial. A administração Trump adotou uma postura mais agressiva em relação ao comércio, com políticas protecionistas e a imposição de tarifas sobre alguns produtos importados, como aço e alumínio. Embora o governo sul-coreano tenha demonstrado resiliência, a expectativa é que, com o retorno dele à Casa Branca, o presidente busque revisar novamente acordos econômicos e desafiar práticas comerciais que considere desfavoráveis aos EUA.

Por outro lado, especialistas apontam que a Coreia do Sul pode se beneficiar de uma abordagem mais voltada para o livre comércio, o que fortaleceria ainda mais sua posição econômica no cenário internacional, caso Trump decida adotar uma postura mais flexível com seus aliados econômicos no segundo mandato. A questão do comércio será crucial, pois a Coreia do Sul precisa equilibrar suas relações com os EUA, mas também com a China, seu principal parceiro comercial, além de aprofundar parcerias estratégicas com outras economias globais.

Com Trump reeleito, a Coreia do Sul precisará se preparar para navegar entre as novas dinâmicas de poder e as mudanças nas prioridades geopolíticas dos EUA. A aliança entre os dois países certamente continuará sendo um pilar importante, mas a forma como essa relação se desenvolverá dependerá das decisões que Trump tomará em um mundo cada vez mais polarizado.

Fontes: (1), (2), (3), (4), (5), (6)

Sobre o autor

Estudante de Jornalismo pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), escrevo sobre geopolítica e outras coisinhas :)
Para sugestões de pauta: jjoanaelen@gmail.com

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