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Idade coreana chega ao fim


Texto por: Luiza Andueza @Luizaandueza 

Após muitos anos, a Coreia do Sul utilizou um método de contagem de idade o qual nenhum outro lugar no mundo usava.

Uma criança que já estava sendo gerada na barriga da mãe, nascia com 1 ano de idade e após a virada do ano, completa seu segundo ano de idade.

Esse método foi retirado legalmente do Japão em 1950, já a China também não utiliza desde a Revolução Cultural de 1966-1976 e a Coreia do Norte usa o método de idade internacional, desde a década de 1980.

A nova Lei entra em vigor dia 28 de junho, após revisões, na Coreia do Sul. Esta foi uma das promessas de campanha do presidente sul-coreano Yoon Suk-yeol.

Em entrevista para o site Korea Herald, o comentário de uma funcionária, Seo Ji-yeon, que completou seus 50 anos coreanos este ano, comentou que a ideia de voltar aos 40 novamente a faz sentir como se tivesse ganhado o tempo perdido. “Para mim, é uma grande diferença psicologicamente, e sinto que devo viver a vida ao máximo”, disse ela sobre a mudança.

Apesar de alguns coreanos estarem aceitando essa nova mudança, para muitos, pode levar algum tempo para que se adaptem a ela. A idade sempre foi um fator muito importante na Coreia do Sul, principalmente para as crianças, que são educadas a se dirigir aos outros pela diferença de idade. Por exemplo: As crianças mais velhas são de “hyung” [형] (irmão mais velho) e “noona” [누나] (irmã mais velha) quando chamados por meninos, “oppa” [오빠] (irmão mais velho) e “unnie” [언니] (irmã mais velha) quando chamadas por meninas. Mesmo que não estejam relacionados no parentesco, esta é uma forma educada para se dirigir ao outro. Nas pré-escolas, às crianças mais velhas costumam ser chamadas de “Hyungnim” [형님], com o sufixo honorífico “nim”. Também é usado o termo “Chingu” [친구], que significa “amigo”, para pessoas apenas da mesma idade. As crianças sem relações podem ser repreendidas se chamarem a pessoa mais velha, apenas pelo nome.

Mas agora, os pais e as escolas estão educando as crianças das mesmas séries para entenderem que as a mudança alterando as idades iguais para idades diferentes, por esta nova lei, não torna repentinamente seu amigo ou colega de classe “hyung” ou “unnie”. Em uma outra entrevista para a revista Korea Herald, Choi, a mãe de uma criança de 7 anos que iniciou o ensino fundamental este ano, comentou à eles: “Crianças podem brigar por coisas assim”, ela também disse, “Na cultura coreana, que dá tanta importância à antiguidade, a idade vem sendo um padrão indiscutível de hierarquia entre as crianças, eventualmente, eles vão se acostumar com isso”.

Choi, que também é professora e leciona em uma escola para adolescentes, comentou que os alunos entraram em uma concordância entre eles para aqueles que são mais novos e que ainda não fizeram aniversário chamarem seus amigos de “hyung”/“unnie” e após seus aniversários, se chamarem por “ya”. Um termo casual para chamar um amigo da mesma idade ou alguém mais jovem.

Algumas pessoas pensam que abolir o sistema de idade coreano não vai transformar os aspectos da cultura local que valorizam a antiguidade. A americana Jocelyn Clark que ensina estudos do leste asiático na Universidade Pai Chai, em Daejeon disse: “Acho que a lei é a lei e a cultura é a cultura”.

O Ministério da Educação enviou aos escritórios metropolitanos e provinciais de educação no mês de maio, materiais para ajudar a ensinar os pais e alunos para minimizar a confusão sobre a mudança da nova lei, e permitir que uma cultura de uso da era internacional se inicie na vida cotidiana.

As escolas começaram a exibir esses materiais educativos que explicam a forma de contar a nova idade. Por exemplo, existem três maneiras diferentes de contar a idade: temos a idade coreana, a norma internacional e outro sistema em que uma pessoa tem zero anos ao nascer, mas adiciona um ano à sua idade no dia de ano novo, que estava também em uso na Coreia do Sul até agora, muitas vezes causando confusão, mal-entendidos e até disputas legais.

Outro dos materiais escolares, cita como exemplo na lei que diz que uma criança com menos de 6 anos pode acompanhar um passageiro adulto em um ônibus gratuitamente. Mas pelo método de contagem de idade seguido, dependendo da contagem, pode haver discussões sobre uma criança que tem 7 anos na idade coreana, mas ainda tem 5 anos pela contagem internacional, já que ainda não fez aniversário.

Por mais que a lei entre em vigor e torne um ou dois anos os sul-coreanos mais jovens, a idade permitida para compras e consumo de bebidas alcoólicas ou cigarros continua sendo 19 anos e ainda permanecerá sendo calculada a partir do ano de nascimento do ano corrente, independente da data. Portanto, quem nasceu até o ano de 2004 pode comprar e consumir legalmente, já que a Lei de Proteção à Juventude define como “menor” qualquer pessoa com menos de 19 anos, “desde que tenham obtido a idade de 19 anos após 1º de janeiro do ano relevante serão excluídos”. E de acordo com a Lei do Serviço Militar, que também permanecerá, os homens são obrigados a fazer um exame físico para recrutamento no ano que completarem 19 anos. 

Já para as crianças, apesar dessa mudança de idade, outra lei que também irá se manter a Lei da Educação Elementar e Secundária, a idade para as crianças começarem a frequentar a escola primária é no ano em que completam 7 anos, então as crianças nascidas em 2017 por exemplo, já poderão ir para o ensino fundamental a partir de março do próximo ano, 2024.

Fonte: Korea Herald.

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