Tem que ter coragem e ousadia para explodir uma identidade sonora e visual em seu peito e sustentá-la; isso o NCT 127 tem de sobra e não deixam restar dúvidas em “Fact Check”, single cheio de funk brasileiro.
Texto: Angélica Lhyra
Brasília, 06 de outubro de 2023
Mark Lee, um dos principais rappers do grupo, enfatizou o poder do 127 em criar tendências, em uma das entrevistas dos neos, referente ao lançamento de seu novo single “Fact Check”, que nomeia o 5º álbum de estúdio do grupo, com 9 faixas no total. Não é difícil entender o que Mark quis dizer com sua afirmação, já que ele e Johnny reforçam ali a importância de ser fiel à originalidade do grupo, a cada música que lançam. Tendências são sempre relevantes e costumam ser o carro chefe das indústrias no geral, mas isso nunca impediu o NCT 127 de concretizar sua própria cor e ser fiel ao que representa, ao passo que continuam inovando a cada retorno. O grupo expressa continuamente a confiança, e o orgulho de quem são e de sua evolução.
“Fact Check”, introduz o álbum de maneira intensa com um afrobeat*, que soa perfeitamente como nosso tradicional funk, e uma linha melódica metálica seguindo como tema principal, que faz questão de ficar na cabeça do ouvinte. A divisão de linhas por entre a canção é bem interessante, à medida que cada membro ganha um destaque especial em regiões de extensão onde suas vozes realmente brilham. De fato, o pré refrão cumpre bem o papel de criar um suspense, até explodir em uma batida intensa. Ademais, o pós-refrão cheio de vocalizes com a vogal U (ou OOH, no som em inglês) funciona muito bem para incrementar a melodia. Os espaços que Yuta e Johnny preenchem, de modos diferentes, é refrescante de ouvir e o destaque dado às suas vozes é definitivamente uma das melhores surpresas da música, que fica melhor a cada estrofe.
A ponte merece uma abordagem especial porque é trazida ao ouvinte em uma transição bem suave e sem um corte dramático, por mais diferente que seja do resto da faixa. Ela é preenchida por vocais poderosos que harmonizam entre si e é finalizada por Mark e Taeyong, trazendo um flow mais grave como em um jogo de bate-volta, até que Taeil ataca com uma das vozes mais fáceis e impressionantes da indústria. É uma voz fácil, porque a competência de Taeil o faz executar com extrema facilidade toda sua técnica excelente, resultado claro de muita preparação.
De fato, quando se trata de excelência vocal, é imprescindível dizer que Taeil, junto a Doyoung, em especial, carregam um dos melhores beltings dentro do K-pop. Na verdade, o NCT 127 faz parecer brincadeira de criança o tamanho profissionalismo entregue nesse comeback. O talento musical (e coloco aqui em destaque a técnica vocal) de cada membro do 127 é realmente incrível, eles se tornam profissionais mais capacitados a cada ano que se passa e, portanto, merecem reconhecimento.
O videoclipe é uma tremenda produção a nível cinematográfico, que lembra o tipo de montagem que o SuperM, também grupo da SM Entertainment, costumava entregar. Os vários cenários variam, entre lugares cheios da cultura tradicional da Coreia e o que parecem realidades distópicas e remetem a visuais usados em filmes como “Divergente”, e “Tron”. É expressada uma energia como se os neos fossem vigilantes poderosos daquela área e isso encaixa muito bem com a mensagem empoderada da canção. As referências a obras famosas de artes visuais durante o mv e também por entre a letra são interessantes de serem percebidas em meio a clara mensagem que, não só suas músicas, mas o grupo, como um todo, também é arte. NCT 127 cria algo atemporal com sua identidade e seu legado, já que são ilimitados e infinitos; florescendo sempre em algo novo, conforme cantam seus vocalistas na ponte.
Cada elemento visual (e sonoro) ali usado, todo o figurino idealizado, estruturas reais construídas, a pós produção, cenários e detalhes gritam a face NEO do grupo e fazem o público se sentir em meio a um majestoso filme de ação ou um espetáculo grandioso de moda cheio de música e dança. Ali se expressa todo o carisma e identidade única do NCT 127, as quais reforçam seu orgulho. E deveriam mesmo, pois “Fact Check” é de longe um dos melhores trabalhos lançados pelo grupo até hoje.
GLOSSÁRIO:
Afrobeat*: é uma mistura rica de gêneros e ritmos musicais diferentes que influenciou muito da música brasileira, como o funk.
BIBLIOGRAFIA:
GLASBY, Taylor. How NCT 127 Became K-Pop’s Unapologetic Mavericks. 6 de outubro de 2023. Disponível em: <https://www.rollingstone.com/music/music-features/nct-127-new-album-fact-check-interview-1234840592/>