Estamos cercados pelo caos. Não apenas por aquele que domina o mundo, mas também pelo que toma conta das nossas mentes e insiste em perturbar os nossos corações nos momentos mais difíceis e de maior vulnerabilidade. Ele chega sem pedir licença, destrói certezas, abala emoções e, à primeira vista, aparenta ser a representação máxima da ruína.
Todavia, o caos não é inteiramente negativo. Se olharmos com atenção, perceberemos que ele carrega uma forma peculiar de beleza — não aquela beleza simétrica, ensaiada, que estamos acostumados a reconhecer, porém uma beleza crua, honesta e imprevisível —. Ela está na rachadura que expõe o que há por dentro, no tropeço que nos obriga a desacelerar e na tempestade que, mesmo violenta, nos ensina a respirar e sobreviver no escuro.
Em meio a desordem descobrimos quem somos. O verdadeiro encanto mora no ato de continuar, mesmo tremendo, na coragem de recomeçar, mesmo quebrado, na capacidade de sentir tudo, mesmo quando tudo dói. Nada floresce no controle absoluto. Tudo que vive, cresce e pulsa precisa de espaço para errar, desmontar, se refazer. Encontrar beleza no caos é mudar o foco, é enxergar luz na sombra, é parar de esperar que a vida seja perfeita para que valha a pena e começar a ver que ela vale exatamente por não ser.
E essa é a mensagem que Kim Jae Joong transmite em seu mais recente lançamento “Beauty in Chaos”, que combina a frenesi e potência do rock com vocais celestiais e letras emocionantes, criando o perfeito equilíbrio sonoro entre beleza e caos.
Com isso em mente, hoje iremos analisar a title do EP, “ROCK STAR”.
“ROCK STAR” funciona como um auto retrato musical que revela uma jornada de libertação, amadurecimento e aceitação. É sobre abraçar as dores como marcas de sabedoria, aprendendo que as feridas podem ser nossa maior fonte de força e construção de identidade. Para exemplificar isso, por que não observamos alguns versos da canção?
“No crepúsculo, minha noite era tão brilhante
Estou chamando meu nome esquecido
O mundo frio e silencioso me machucou
Agora estou correndo em direção ao sonho que eu queria”
O crepúsculo costuma simbolizar transição e incerteza emocional, enquanto a noite, normalmente associada à escuridão, é descrita como brilhante, sugerindo uma luz emergente ou uma esperança interior. “Estou chamando meu nome esquecido” propõe um reencontro com a própria identidade. O nome esquecido pode ser interpretado como uma desconexão com o eu interior, um esquecimento de quem a pessoa realmente é, ou uma perda de propósito. Chamar o próprio nome pode ser uma tentativa de recuperação da essência perdida ou de reafirmação da identidade, como se estivesse se reconectando com sua verdadeira natureza ou objetivos depois de ter sido ferido por alguma força maior (“o mundo frio e silencioso me machucou, agora estou correndo em direção ao sonho que eu queria”).
“Deixe-me ir, deixe-me ir, deixe-me ir, deixe-me em paz
Quer ser uma estrela do rock na minha vida (com você)
Esses sentimentos, esses olhos, essas vozes
Quer ser uma estrela do rock na minha vida”
O refrão funciona como um grito enérgico de libertação emocional. Querer ser uma estrela do rock, nesse caso, não corresponde à fama e rebeldia, e sim à autonomia de poder viver em seus próprios termos, com propósito, paixão e, acima de tudo, autenticidade.
“Diga que você precisa de mim, eu vou te mostrar o que me mudou, para você
Até a aparência diabólica escondida atrás dessa máscara sou eu”
Esse trecho — que, na minha humilde opinião, é o mais impactante — retrata a ideia de total aceitação de si, mesmo com as complexidades e contradições. “Até a aparência diabólica escondida atrás dessa máscara sou eu” mostra que não precisamos sempre nos esconder por trás de uma representação perfeita ou socialmente aceita de nós mesmos, pois até as partes sombrias e indesejadas fazem parte de quem somos… Não podemos deixar que o medo de não ser aceitos nos impeça de abraçarmos cada mínima característica nossa.
“Esse sentimento, esse olhar, essa voz
Quero ser uma estrela do rock na minha vida
Com você, com você, com você
Eu serei sua estrela do rock, eu serei sua estrela do rock”
Esse verso transmite o desejo de compartilhar tal jornada de liberdade com alguém. Ao afirmar repetidamente que será a estrela do rock na vida do outro, ele revela estar pronto para dividir sua energia e transformação com a pessoa amada, criando um vínculo profundo e único. Em suma, ele busca uma conexão genuína ao mesmo tempo em que deseja se manter fiel a si mesmo, equilibrando entrega emocional e preservação de sua essência.
“ROCK STAR” é uma música impactante em todos os sentidos possíveis. O instrumental te leva a uma jornada emocional única, como se pudesse se conectar diretamente com sua alma. Já os vocais crus e marcantes do Jae Joong sensibilizam o ouvinte de maneira palpável, o deixando imerso em uma experiência sonora e sentimental de tirar o fôlego.
Por fim, a letra carrega uma mensagem inspiradora, que reforça o papel da música para além do entretenimento, posicionando-a como uma forma de expressão capaz de provocar reflexão, despertar aprendizado e, principalmente, gerar identificação.