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HIT!Lyrics: “MIA” – GEMINI, WOODZ & CAMO – Às vezes a melhor forma de se encontrar é deixar ir

Revisão: Bia Martins
Design: Jéssica Fernandes

Araçatuba, 29 de abril de 2025.

Há músicas que soam como um desabafo silencioso, um eco de algo que nós sentimos; mas nunca conseguimos dizer; e “MIA”, faixa colaborativa entre GEMINI, WOODZ e CAMO, é a representação perfeita desse sentimento. 

A palavra 미아 (MIA) significa “pessoa desaparecida” em coreano, e a música mergulha justamente nessa sensação de estar perdido — não só no mundo, mas também no amor. GEMINI, CAMO e WOODZ não cantam sobre amar alguém de forma simples ou leve, mas sim sobre ser engolido por isso, a ponto de não reconhecerem mais quem são.

매일 밤 반복되는 deja vu
알 수 없는 이 낯선 기분

Toda noite, um déjà-vu se repete
Um sentimento estranho que não consigo entender

Essa repetição de uma emoção que nunca descansa mostra que amar não traz estabilidade, mas sim confusão; um labirinto de déjà-vus; onde cada passo é uma tentativa de se reencontrar, mas também uma chance de se perder ainda mais. Ao decorrer da música é possível perceber que a entrega é total, a sensação de estar tão imerso na outra pessoa não soa mais como uma tragédia, mas sim uma escolha, onde aceitar se dissolver na presença do outro faz tanto sentido que o amor se transforma numa força de absorção, indo muito além do sentimento. 

O famoso ditado: “o amor é cego” pode explicar esse comportamento.

난 날 잃어버려도 돼 쭉
네 몸 안에서 난 미아

Love is just a feeling, I know you feel it too
I was lost in your body

Eu posso me perder completamente
Dentro do seu corpo, estou desaparecido

Amor é só um sentimento, eu sei que você também sente
Eu estava perdido no seu corpo

Em um dos trechos, o eu lírico tenta reduzir o amor a “só uma emoção”, como se isso facilitasse entender ou controlar o que sentem, mas a verdade é que já estão completamente envolvidos, perdidos no corpo, na presença e na intensidade do outro. E isso vai além do físico: é emocional, é profundo.

A relação deixa de ser leve e vira intensidade desmedida, entrega sem limite, confusão. Quando o outro se torna um labirinto, amar já não significa caminhar junto, e sim se perder no meio do caminho, torcendo para ainda conseguir se reconhecer no final.

Conforme a música avança, o controle se desfaz. As defesas caem, e só resta aceitar. Existe uma paz estranha em estar perdido, se isso significar estar com o outro — mesmo que isso leve embora uma parte de quem você era.

Símbolos e promessas não servem como fuga. Nada externo consegue resolver o que uma relação intensa demais bagunça por dentro.

I can’t find the exit, where I go, nah
난 날 잃어버려도 돼 쭉 right
네 몸 안에서 난 미아

Não consigo encontrar a saída, para onde vou, não sei
Eu posso me perder completamente
Dentro do seu corpo, estou desaparecido

MIA” é sobre um amor que não traz direção, mas que ainda assim é impossível de evitar. Um amor que engole, confunde e transforma; uma jornada crua, onde se perder no outro é, ao mesmo tempo, dor e consolo. E talvez essa seja a única forma de se sentir vivo. 


(Dedico este texto à minha amiga, Mia, que partiu cedo demais, mas deixou um amor profundo e transformador em todos ao seu redor ❤️)

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