Eu nunca fui uma garota pequena; pelo menos, não de personalidade ou peso. Posso medir 1,60 m de altura, mas tenho coxas grossas e barriga proeminente, minha risada é alta. Além disso, tenho grandes sonhos.
Quando Lee Young Ji e D.O. lançaram a música “Small Girl”, me identifiquei imediatamente. Era como ter todos os meus medos materializados, porém não de uma forma ruim. Me senti vista e representada.
No momento que entrei na HIT! como colunista e percebi que vários tipos de pessoas iam ler meus textos, isso me deixou aterrorizada. Tive, e ainda tenho, muito medo de que minhas palavras não sejam entendidas, que meu conteúdo se torne desinteressante ou que não gostem de quem eu sou como jornalista.
Comecei a ouvir K-pop há uns três anos e esse ato mudou o rumo da minha vida. A cada dia conheço mais e mais artistas, além de poder apreciar o trabalho de pessoas incríveis, modéstia à parte, em sua maioria meus colegas de revista. Me sinto feliz e motivada; por meio dessa nova paixão pude deixar brotar a big girl que não me permitiram ser.
Em um vídeo que vi no TikTok, a influenciadora Yakine Reis fala sobre sua interpretação da música e narrativa do clipe de Lee Young Ji. Em determinado momento diz: “nós garotas ‘big girls’ damos trabalho, porque nos destacamos”. E como isso é verdade.
Por isso, nessa HIT!Letter, quero falar com você que também acha que seus sonhos precisam ser pequenos. Sua criatividade e instinto não têm limites. Em algum lugar tem pessoas que cantam sobre serem grandes, desafiando moldes sociais excludentes e denunciando estruturas opressoras.
E nós também podemos ser uma dessas pessoas. Não com atos de alta exposição, mas com ações pequenas em tamanho e gigantes em sentido. Como, por exemplo, se escolher, se entender e não deixar que alguém fale como ou o quê você pode ser. Mesmo não sendo fácil, é recompensador investir em si mesmo.
Na parte da letra que o eu lírico pergunta:
“Boy, I got a small girl fantasy / Baby, would you still love me? / Though I got a big laugh, big voice / And big personality / Would you guarantee it?”
“Garoto, eu tenho uma fantasia de garotinha / Amor, você ainda me amaria? / Embora eu tenha uma risada alta, voz alta / E uma grande personalidade/ Você garantiria?” (Tradução livre)
Eu não sei responder se a outra pessoa garantiria, porque ao longo de muito tempo eu não me garanti. Não quis acreditar nos meus sonhos e objetivos, aparentei não gostar de tanta coisa que amo ou me retraí por receio da solidão e da rejeição.
Porém, como eu posso pedir para alguém me escolher, se eu não for a minha primeira opção? Deixo aqui o compromisso de me priorizar, de continuar em busca de ser a big girl que vai orgulhar todas as idades que já tive e todas as versões que já fui um dia.
Com muito aprendizado, trabalho, risadas e sonhos, sei que juntas vamos longe. Por fim, deixo a música e o vídeo que inspiraram essa carta. Espero que de alguma forma inspirem vocês também.
Design: Darlís Santos