Design: Mafe
Moju, 10 de fevereiro de 2025.
Classificação indicativa: Livre
Contém: Conversas sobre saúde mental e emocional
Considerado um dos maiores best-sellers atualmente, “Queria morrer, mas no céu não tem tteokbokki” é livro da autora sul coreana Baek Sehee, distribuído no Brasil pela Editora Universo dos Livros desde 2023 com tradução de Rafael Bisoffi. Também conhecido por ser recomendação de leitura por RM do BTS, o livro está incluído em vários clubes do livro de fãs do artista. Considerada como história pessoal da autora, a qual se perguntava se alguém se importaria de ler algum dia, a obra é um registro de várias sessões de terapia dela.
Apesar de não ser classificado como livro de Autoajuda, na folha de rosto há uma pequena nota da editora, que adverte que “Em caso de sintomas semelhantes aos relatados neste livro, procure a ajuda profissional de um psicólogo e/ou psiquiatra”.
Há também uma nota da própria Baek Sehee na primeira página do livro, onde ela declara: “Meu desejo de falar abertamente sobre meu sofrimento mental era proporcional ao meu desejo de fugir de tudo isso. Duvido de que jamais poderei ser tão franca em outro livro quanto fui neste aqui”. Descrevendo em detalhes os altos e baixos de sua saúde mental e emocional, Sehee explora situações do dia-a-dia para entender melhor seus sentimentos e como pode lidar com eles, gravando suas conversas com seu psiquiatra e as transcrevendo com seus comentários.
O livro tem pouco menos de 200 páginas, divididas em capítulos relativamente curtos, além do prólogo e de notas da autora no começo e no fim. A leitura é bem fluida, já que lemos majoritariamente conversas. A maioria dos capítulos também segue a mesma estrutura: começam com uma narrativa sobre como ela se sente, seguida pelos diálogos na terapia e se encerram com uma reflexão ou desabafo sobre o que foi conversado.
Todo capítulo começa com uma pequena introdução da autora, contando e explicando situações do passado e do presente que a levaram a conversar sobre isso na sessão de terapia que se segue. No primeiro capítulo ela menciona que se sente melancólica de um jeito fora do considerado normal desde a infância, e por muito tempo tentou lidar com isso sozinha, agindo como se tudo estivesse bem quando na verdade nunca estava, até o momento de reconhecer que precisava da ajuda de um profissional.
Eu fico pensando que, se eu revelar uma parte vulnerável de mim mesma, as pessoas vão odiar o que verão, e vão me abandonar. Mas conheço tantos aspectos das pessoas que eu amo. As partes boas, as partes ruins, as partes sensíveis… Mesmo que tenham partes negativas, eu gosto delas, porque isso as torna humanas. Só que, quando se trata de mim mesma, acho que o defeitozinho mais minúsculo fará os outros me abandonarem.
Nas sessões, Sehee é honesta ao conversar com o Psiquiatra, contando as coisas que pensa e o ouvindo com atenção ao raciocinar no por que ela sente e age de tal forma e qual pode ser a melhor maneira de lidar com isso. Pensamentos que o leitor pode acabar se identificando, mas considerando que não deve dizê-los em voz alta, como sentir inveja de alguém que admira muito ou sentir necessidade de ter atenção alheia, preocupação com a própria aparência e as dificuldades em se aprofundar em relacionamentos com outros.
A honestidade e sinceridade tanto da autora quanto do Psiquiatra com quem conversa, e que inclusive tem um capítulo no final, faz com que criemos uma conexão com o eu-lírico do livro, talvez nos fazendo pensar “também me sinto assim”, assim como a autora desejava ao escrevê-lo.