A Coreia do Sul expressou grande preocupação com o envio de tropas norte-coreanas para apoiar a Rússia na guerra contra a Ucrânia. O governo sul-coreano convocou, nesta segunda-feira (21), o embaixador russo e pediu a retirada imediata desses soldados, temendo que essa parceria militar entre Rússia e Coreia do Norte possa desestabilizar ainda mais a segurança internacional.
Desde o início da invasão russa à Ucrânia, os laços entre Moscou e Pyongyang têm se fortalecido. Além do envio de armas, como foguetes e mísseis, a Coreia do Norte teria enviado recentemente 1.500 soldados de elite para a Rússia, o que levanta preocupações de que tecnologias militares avançadas possam ser trocadas entre os dois países.
A parceria entre Rússia e Coreia do Norte, no entanto, não está apenas aumentando as tensões. Ela também viola diversas regras internacionais. A Coreia do Norte está sob sanções impostas pela ONU, que proíbem o país de vender armas e receber apoio militar. Além disso, o envio de tropas para lutar ao lado da Rússia infringe essas sanções e acordos internacionais que buscam limitar as ações militares de Pyongyang, especialmente para evitar que eles desenvolvam ainda mais seu arsenal nuclear.
O presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk-yeol, destacou que essa aliança representa uma “grave ameaça” à segurança global, particularmente na Península Coreana. Ele deixou claro que seu governo não ficará de braços cruzados e pretende coordenar com a Organização do Tratado do Atlântico Norte, a Otan, para criar uma resposta adequada a essa situação.
A Otan também se posicionou contra a cooperação militar entre Rússia e Coreia do Norte, considerando o envio de tropas norte-coreanas uma escalada significativa no conflito na Ucrânia. O secretário-geral da aliança, Mark Rutte, ressaltou a necessidade de uma resposta coordenada e afirmou que a segurança nas regiões do Atlântico e do Indo-Pacífico está interligada.
A Coreia do Sul, que aderiu às sanções contra a Rússia desde o início da guerra na Ucrânia, ainda não enviou armas letais para Kiev, mas essa política pode mudar. Caso se comprove o compartilhamento de tecnologias avançadas entre Rússia e Coreia do Norte, Seul poderá reconsiderar sua posição e fornecer equipamentos militares à Ucrânia.
Vídeos e imagens divulgados por autoridades ucranianas e sul-coreanas parecem confirmar a presença de tropas norte-coreanas em território russo, inclusive em áreas de treinamento próximo à fronteira com a China. No entanto, essas informações ainda não foram verificadas de forma independente por outras fontes.
O envolvimento da Coreia do Norte neste conflito é inédito desde a Guerra da Coreia, o que aumenta as incertezas sobre a real capacidade de suas tropas no campo de batalha. Especialistas apontam que, embora as forças norte-coreanas careçam de experiência em combates recentes, sua presença no conflito marca um novo nível de envolvimento militar entre Pyongyang e Moscou.
A Rússia, por sua vez, negou que sua cooperação com a Coreia do Norte seja uma ameaça à segurança da Coreia do Sul. Segundo o Kremlin, essa parceria está dentro dos limites do direito internacional e não visa prejudicar outros países.
Com a tensão aumentando, a Coreia do Sul e a Otan estão acompanhando de perto os desdobramentos dessa aliança, e novas medidas podem ser adotadas caso a cooperação entre Rússia e Coreia do Norte continue a se expandir.
Texto: Joana de Alcântara