Na manhã de 31 de outubro de 2024, a Coreia do Norte lançou um míssil balístico intercontinental (ICBM) em direção ao Mar do Leste, em um teste que durou 86 minutos e atingiu uma altura de mais de 7.000 km. O lançamento ocorreu poucos dias antes das eleições presidenciais nos Estados Unidos, previstas para o próximo dia 5 de novembro, e foi visto como uma demonstração de força militar. Em resposta, a Coreia do Sul anunciou nesta sexta-feira (01), que aplicará sanções – ou seja, penalidades econômicas e diplomáticas – contra 11 indivíduos e quatro empresas norte-coreanas, buscando pressionar o regime de Kim Jong-un a encerrar seus programas de armas nucleares e balísticas.
Segundo as Forças Armadas da Coreia do Sul, o míssil foi lançado da área de Pyongyang e caiu no mar a oeste da ilha de Okushiri, no Japão, fora da zona econômica exclusiva japonesa. O líder norte-coreano, Kim Jong-un, acompanhou o lançamento e o classificou como uma “resposta militar apropriada” às críticas que o país recebeu após enviar cerca de 10.000 soldados para apoiar a Rússia em sua guerra contra a Ucrânia.
Em reação ao lançamento, a Coreia do Sul aplicou sanções a figuras e empresas norte-coreanas diretamente ligadas à exportação de armas e ao desenvolvimento de mísseis. Choe Kwang-su, um dos indivíduos penalizados, é suspeito de envolvimento na exportação de armas e itens relacionados, conforme o Ministério das Relações Exteriores da Coreia do Sul. Outros sancionados, como Pak Chun-san, So Tong-myong, Kim Il-su, Choe Chun-sik e Kang Song-sam, foram identificados como integrantes de uma empresa ligada ao desenvolvimento de mísseis e armas nucleares, contribuindo financeiramente para o governo norte-coreano.
Além disso, Choe Chol-min, diplomata na embaixada norte-coreana na China, e sua esposa, Choe Un-jong, foram incluídos na lista de punições por atuarem na obtenção de componentes de mísseis balísticos e outros itens de uso dual (que podem ter aplicações civis ou militares). Choe Chol-min também é acusado de coordenar o envio de mais de 1.000 trabalhadores norte-coreanos para a China, uma prática usada pelo regime para gerar receita.
Os três últimos penalizados, Im Song-sun, Choe Song-chol e Ju Ryang-won, junto com quatro empresas — Tongbang Construction, Patisen S.A., Kumrung Company e EMG Universal Auto —, são acusados de enviar trabalhadores ao exterior para gerar divisas ao regime norte-coreano. Esse tipo de atividade viola definições da ONU, que proíbem o uso de mão de obra norte-coreana para obtenção de lucros fora do país, visando dificultar o financiamento de programas de armas.
As novas penas sul-coreanas, que entram em vigor em 6 de novembro, fazem parte de um esforço internacional para conter o programa militar norte-coreano, especialmente no desenvolvimento de mísseis capazes de atingir o território dos Estados Unidos. A crescente tensão na região evidencia a complexa rede de relações políticas e de segurança entre as Coreias e outras potências, refletindo um cenário instável no contexto internacional.
Texto: Joana de Alcantara