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Coreia do Sul propõe lei para proibir o uso de celulares nas escolas

Legisladores sul-coreanos anunciaram, no domingo (3), a proposta de uma lei para proibir o uso de celulares em escolas do país. A iniciativa, liderada pelo deputado Cho Jung-hun e outros parlamentares do partido governista People Power Party (PPP), visa restringir o uso de smartphones e outros dispositivos digitais em sala de aula, com exceção de casos educativos ou de emergência. A medida busca reduzir o impacto negativo na saúde mental dos jovens, que têm mostrado níveis crescentes de dependência e problemas de saúde relacionados ao uso excessivo dessas tecnologias.

A proposta surge em meio a um debate global sobre o uso de celulares por estudantes, com países como Estados Unidos e França já implantando restrições semelhantes. Na Coreia do Sul, pesquisas apontam que 25% das crianças entre 3 e 9 anos e 40,1% dos jovens entre 10 e 19 anos são “dependentes” dos smartphones, segundo dados apresentados pelos legisladores durante a defesa da proposta.

Em meio ao projeto, a Comissão Nacional de Direitos Humanos da Coreia mudou recentemente sua posição sobre a questão. Anteriormente, a Comissão defendia que a coleta de celulares de estudantes durante o horário escolar era uma violação dos direitos dos jovens à liberdade, mas agora considera que o uso desenfreado desses aparelhos pode interferir no direito à educação de qualidade e à saúde mental dos estudantes, além de gerar conflitos e dificultar o aprendizado.

Dados da cidade de Seul revelam que 70% das escolas na capital ainda permitem o uso de celulares durante as aulas, sem uma legislação nacional que regulamenta essa questão. Essa lacuna faz com que cada instituição defina suas próprias regras, gerando debates sobre a necessidade de uma política uniforme que proteja os estudantes de forma mais abrangente.

Além das discussões sobre saúde mental, o uso de celulares nas escolas também trouxe preocupações com a segurança. Em casos recentes, estudantes foram acusados de usar seus aparelhos para criar ou compartilhar imagens comprometedoras de colegas, incluindo montagens conhecidas como “deepfakes” – imagens alteradas digitalmente para se parecerem com outras pessoas em situações fictícias, muitas vezes constrangedoras ou inadequadas. A polícia investiga o impacto dessas práticas e seus efeitos no ambiente escolar. 

Uma pesquisa realizada pela Macromill Embrain mostrou que a maioria dos pais sul-coreanos apoia a regulamentação: 69% disseram ser a favor de restringir o uso de celulares nas escolas, enquanto apenas 12,6% se opuseram. Para muitos pais, a medida representa uma tentativa de recuperar a interação pessoal e o foco no aprendizado, oferecendo aos jovens um ambiente escolar mais saudável e menos suscetível aos efeitos negativos da tecnologia.

A discussão segue como prioridade para o governo, que busca equilibrar o uso de tecnologias educacionais – como livros digitais com inteligência artificial –, com a redução do uso excessivo de smartphones. Autoridades educacionais consideram que limitar o uso desses dispositivos nas escolas pode contribuir para o bem-estar dos estudantes e ajudar a construir uma experiência de aprendizado mais equilibrada.

Texto: Joana de Alcantara

Fontes: (1), (2

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