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O Massacre de Gwangju, 44 anos de um período doloroso que não pode ser esquecido

A democracia coreana não foi conquistada de forma fácil e o preço para alcançá-la não foi barato. O custo foi alto e foi pago com vidas. É por esse motivo que o Massacre de Gwangju não pode ser esquecido ou tratado como algo isolado no passado. Hoje, a população sul-coreana entende que continuar lembrando é continuar protegendo a causa  à qual tantos morreram defendendo.

De 18 a 27 de maio de 1980, na cidade de Gwangju, um movimento formado por estudantes, operários e defensores de uma organização social democrática ocuparam ruas e praças em protestos. Gerado por uma sequência de golpes militares após a Guerra das Coreias, o governo sul-coreano não poupava quem contrariava suas condições autoritárias.

Mas a sociedade estava cansada da opressão e desejava viver com justiça, respirando a garantia de ter segurança e dignidade para todos. Foi almejando defender esses princípios que boa parte da população de Gwangju protestava e alertava sobre os riscos de aceitar aquele modelo abusivo de governo. 

Em resposta aos atos, o governo da época classificou as manifestações como uma ameaça a ser silenciada. Por 10 dias, os manifestantes, principalmente estudantes, foram perseguidos e presos, ilegalmente, sendo vítimas de violência, tortura e morte; alguns nunca mais sendo vistos. A cidade de Gwangju foi reprimida até o ditador Chun Doo Hwan decretar o fim da revolta, alegando vitória e governando até 1988.

Fontes oficiais do governo, informaram que o número de mortos não ultrapassou cerca de 200 pessoas, mas organizações independentes analisam que o número verdadeiro de vítimas pode ter ultrapassado um total de 2.000 pessoas. Ainda que anos depois, já fora do governo, Chun Doo Hwan tenha sido julgado e condenado pelo Massacre de Gwangju, recebeu anistia e viveu livre até 2021, data da sua morte, aos 90 anos.

Atualmente, em respeito às vítimas do massacre, Gwangju recebeu diversos memoriais, como o do Cemitério Nacional 18 de maio, onde os corpos de muitas vítimas estão enterrados. A marca que esse passado deixou no presente, reforça o sentido de “lembrar para não correr o risco de replicar”, protegendo o futuro de um terror como aquele vivido no Massacre de Gwangju.

Na data de hoje, 18 de maio, queremos prestar homenagem a todos que entregaram tudo de si para defender um ideal democrático em Gwangju. Ainda que não seja possível cessar a dor que a história estancou, podemos ser parte dos que seguem preservando a vontade e o gesto de não desistir da democracia. Continuaremos aqui, por nós, por eles e por todos, acenando e apoiando quem também sonha com uma realidade social inclusiva, igualitária, empática e cada vez mais humana.

Texto: Cida Silva
Design: Madu Souza

Fontes: (1), (2), (3).

(3) Comentários

  1. Izabelle diz:

    A leitura de textos com o da autora devem ser difundidos a fim de não deixar para trás, esquecidas, os massacres culturais e ideológicos ocorridos na história coreana.É necessário que não apenas o que agrada na cultura coreano seja enaltecido. Existe um motivo ou mais por trás de uma sociedade que busca a perfeição. Assim como no período ditatorial brasileiro e em tantos outros não foi diferente na Coreia .

  2. Nathalia Lemos diz:

    Matéria super necessária! Seria leviano consumir da cultura coreana apenas músicas e séries, é preciso saber também sobre a história da Coreia, como nação, seja ela boa ou triste. Acho que até nos faz entender mais sobre esse universo! Parabéns Hit!!

  3. Michelle diz:

    Que texto maravilhoso! Informativo! Muito importante saber mais sobre essa história! Parabéns pelo texto Cida!

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