A democracia coreana não foi conquistada de forma fácil e o preço para alcançá-la não foi barato. O custo foi alto e foi pago com vidas. É por esse motivo que o Massacre de Gwangju não pode ser esquecido ou tratado como algo isolado no passado. Hoje, a população sul-coreana entende que continuar lembrando é continuar protegendo a causa à qual tantos morreram defendendo.
De 18 a 27 de maio de 1980, na cidade de Gwangju, um movimento formado por estudantes, operários e defensores de uma organização social democrática ocuparam ruas e praças em protestos. Gerado por uma sequência de golpes militares após a Guerra das Coreias, o governo sul-coreano não poupava quem contrariava suas condições autoritárias.
Mas a sociedade estava cansada da opressão e desejava viver com justiça, respirando a garantia de ter segurança e dignidade para todos. Foi almejando defender esses princípios que boa parte da população de Gwangju protestava e alertava sobre os riscos de aceitar aquele modelo abusivo de governo.
Em resposta aos atos, o governo da época classificou as manifestações como uma ameaça a ser silenciada. Por 10 dias, os manifestantes, principalmente estudantes, foram perseguidos e presos, ilegalmente, sendo vítimas de violência, tortura e morte; alguns nunca mais sendo vistos. A cidade de Gwangju foi reprimida até o ditador Chun Doo Hwan decretar o fim da revolta, alegando vitória e governando até 1988.
Fontes oficiais do governo, informaram que o número de mortos não ultrapassou cerca de 200 pessoas, mas organizações independentes analisam que o número verdadeiro de vítimas pode ter ultrapassado um total de 2.000 pessoas. Ainda que anos depois, já fora do governo, Chun Doo Hwan tenha sido julgado e condenado pelo Massacre de Gwangju, recebeu anistia e viveu livre até 2021, data da sua morte, aos 90 anos.
Atualmente, em respeito às vítimas do massacre, Gwangju recebeu diversos memoriais, como o do Cemitério Nacional 18 de maio, onde os corpos de muitas vítimas estão enterrados. A marca que esse passado deixou no presente, reforça o sentido de “lembrar para não correr o risco de replicar”, protegendo o futuro de um terror como aquele vivido no Massacre de Gwangju.
Na data de hoje, 18 de maio, queremos prestar homenagem a todos que entregaram tudo de si para defender um ideal democrático em Gwangju. Ainda que não seja possível cessar a dor que a história estancou, podemos ser parte dos que seguem preservando a vontade e o gesto de não desistir da democracia. Continuaremos aqui, por nós, por eles e por todos, acenando e apoiando quem também sonha com uma realidade social inclusiva, igualitária, empática e cada vez mais humana.
A leitura de textos com o da autora devem ser difundidos a fim de não deixar para trás, esquecidas, os massacres culturais e ideológicos ocorridos na história coreana.É necessário que não apenas o que agrada na cultura coreano seja enaltecido. Existe um motivo ou mais por trás de uma sociedade que busca a perfeição. Assim como no período ditatorial brasileiro e em tantos outros não foi diferente na Coreia .
Matéria super necessária! Seria leviano consumir da cultura coreana apenas músicas e séries, é preciso saber também sobre a história da Coreia, como nação, seja ela boa ou triste. Acho que até nos faz entender mais sobre esse universo! Parabéns Hit!!
Que texto maravilhoso! Informativo! Muito importante saber mais sobre essa história! Parabéns pelo texto Cida!