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TXT mostrando como um coração partido pode mudar alguém! | Hit!Analisa – Good Boy Gone Bad – Tomorrow by Together

São Paulo, 19 de Dezembro de 2022
Texto por: Nico Rodrigues

Avisos: citação a morte, mesmo que de forma figurativa.

Desde o debut, TXT vem nos contando sobre o desejo de representar a geração Z através de suas músicas, trazendo experiências, fases e lições para o público que faz parte da sua grande audiência.

E desde o debut com a música “Crown”, viemos acompanhando o crescimento e amadurecimento não só musical, como pessoal dos meninos: Soobin, Yeonjun, Beomgyu, Taehyun e Huening Kai.

Com isso, entre as inúmeras fases que permeiam a maturidade de alguém, uma é a do amor.

Após evidenciar um amor juvenil e intenso através dos MVs de 0x1=Lovesong e Lo$er=Lo♡er, nossos queridos TXT surgem com Good Boy Gone Bad, com seus corações partidos e uma boa dose de rebeldia (ou será inconsequência?) pós-término.

Vale ressaltar que: eu não vou abordar nesta análise todas as referências e teorias relativas à lore do TXTverse, afinal, isso merece um artigo próprio! Portanto, essa análise vai discutir somente sobre as consequências de um coração partido e de que forma o TXT representou essa experiência através da arte. ‘Bora para a análise?!

A “morte” literal e figurativa para um sentimento.

Quando já começamos a música vendo Beomgyu afundar-se entre sacos de lixo e um corte rápido de perspectiva que mostra ele mesmo encarando o fundo de uma cova, ao som de “enterrando a palavra ‘para sempre’ em um caixão com pregos” já podemos sentir o impacto que os nossos good boys sofreram na relação.

Obstinados a esclarecer o quanto foi em vão todo esse amor, eles cantam que a dedicação que outrora tiveram pela relação não adiantou, afinal, “a pessoa amada os abandonou” e eles ficaram ali remoendo e “se matando com aquela dor” de coração partido.

Gosto muito de ver como cada um dos meninos passa por cenários independentes, trazendo detalhes que refletem a tal relação. Taehyun encarando com raiva o anel de compromisso e Huening Kai desorientado ao fazer uma ligação telefônica, enquanto tinha um buquê em mãos.

No entanto, é na cena do nosso amado líder que acontece a “virada de chave” nas emoções dos meninos, que decidem “abandonar tudo e se transformar em bad boy”.

Ao olhar um pouco mais para quando ele acerta o espelho, fiquei pensando que: em vez de somente um momento onde ele expressa sua raiva, o soco dele vai direto na altura onde se via o rosto dele anteriormente.

Isso me levou a interpretar que o alvo desse soco, é a sua versão ‘antiga’, de quem ele está claramente abrindo mão: o “eu” fraco, inocente e magoado.

E como TXT não entra em serviço para brincar, eles entregam atuações maravilhosas, com olhares que sustentam a mágoa dos seus corações partidos.

Vale ressaltar também que uma parte da coreografia tem uma costura maravilhosa com os trechos:

É melhor do que aqueles dias patéticos” (pré-refrão 1) e “Em vez de me sentir assustado, me sinto livre” (pré-refrão 2).

Aqui, Beomgyu leva as mãos à cabeça e faz um movimento similar a quando temos uma “explosão de ideia” e, para mim, o gesto dá ainda mais ênfase ao sentimento de que nossos bad boys reconheceram a solução que precisavam, naquele aspecto de “por que não pensei nisso antes?”.

E acompanhando essa ‘aventura’ cheia de adrenalina, de encarar uma nova versão de si mesmos, o clima da música é complementado de forma perfeita pela guitarra no refrão.

Good Boy Gone Bad tem um ritmo forte, com um tipo de frenesi que expressa essa liberdade repentina dos garotos, cuja zona de sofrimento é trocada por uma perspectiva inconsequente.

E são esses dois paralelos que levam a mais um trecho do clipe.

Num recorte da velocidade da canção, como um fragmento da memória dos meninos, nós encaramos as versões que eles estão abandonando: em cenários limpos, claros e com uma ambientação que implica à inocência, vemos os integrantes chorarem enquanto a letra fala de “tirar você do meu coração” lembrando que “o amor é uma mentira, eu amei essa mentira”.

E o toque final, é literalmente cantar sobre “deixar queimar” esse sentimento enquanto uma fotografia de Beomgyu, na sua versão inocente, pega fogo, declarando que eles acabaram com os good boys.

Na sequência, Yeonjun retoma a velocidade da música, que também é representada nas cenas do integrante ao longo do clipe, que corre em alta velocidade em uma moto até cair na estrada. E, nesse momento, vem a abertura para o rap dele, onde a coreografia de também conta com uma simulação de ‘cortar’ o pescoço quando rima sobre “ter matado a si mesmo, cortado as suas asas”.

Por fim, o trecho se encerra com um jogo de cortes entre o passado e o presente ‘eu’ dos meninos e, enfim, de Yeonjun.

Quer conferir essa cena na íntegra? Dá uma olhada no MV aqui!

E assim chegamos à famosa linha de “I like being bad” que abre espaço para minha cena favorita do clipe, onde eles jogam flores para o passado que estão enterrando, definitivamente.

Good Boy Gone Bad, apesar de não ser a minha title favorita do TXT, ainda tem meu coração por muitos motivos.

Primeiro, pela intensidade com que eles trabalham os sentimentos de euforia e impulsividade ao viver o rompimento — considerando que toda a representação desse amor que eles viveram nas outras músicas tinha uma pegada super romântica, inexperiente e dependente. Ou seja, conseguimos ver que doeu e que essa dor mexeu mesmo com eles.

E isso tudo é o que vemos em uma canção, enquanto as demais músicas do álbum (e os grandes tesouros desse comeback, devo dizer) trazem as outras fases do rompimento pelos quais eles passam, desde a negação inicial até a superação.

Segundo, também acho a direção criativa do MV maravilhosa, trazendo a morte como uma representação muito literal de algo que, na prática, é figurativo. No MV, eles se transformam, matam uma versão de si que jamais querem ter de novo e dançam, com suas novas figuras, em um cemitério que solidifica o tom mais maduro, e sombrio – quem sabe – em que se dirigem as suas novas emoções.

E, por fim, novamente quero elogiar o trabalho de atuação e carisma dos meninos que tanto destruindo coisas e transmitindo rancor, bem como chorando ao terem seus sentimentos despedaçados, entregaram uma atuação impecável.

Com certeza, podemos esperar ainda mais coisas incríveis vindas do Tomorrow By Together, afinal, dia 27 de janeiros eles retornam com seu novo álbum: o The Name Chapter. Fiquem ligados! 

Análise construída a partir de percepções pessoais e com prévio embasamento na análise semiótica de Charles Sanders Peirce.

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