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Revolução feminina: Como o movimento 4B está redefinindo a vida das mulheres na Coreia do Sul

Na Coreia do Sul, um movimento que começou a ganhar força em 2019, está desafiando normas de gênero tradicionais e se popularizando entre as jovens mulheres do país. Conhecido como “4B”, essa iniciativa rejeita quatro aspectos que, tradicionalmente, são centrais da vida feminina: o casamento, a maternidade, o namoro heterossexual e as relações sexuais com homens. O objetivo é claro: romper com um sistema patriarcal que ainda impõe grandes pressões sobre as mulheres.

O nome “4B” vem de quatro palavras coreanas que começam com “bi-” (que significa “não”): bihon (não ao casamento), bichulsan (não à maternidade), biyeonae (não ao namoro) e bisekseu (não ao sexo heterossexual). Ao adotar essa postura, muitas mulheres optam por abrir mão das expectativas sociais que as limitam a papéis de esposas, mães e parceiras sexuais. Em vez disso, elas buscam uma vida mais autônoma e livre de imposições externas.

Essa iniciativa está ganhando atenção, inclusive, nos Estados Unidos, principalmente após as recentes eleições presidenciais. A proposta surge em resposta à vitória de Donald Trump para um segundo mandato, bem como à falha de três referendos que tentaram proteger os direitos ao aborto em estados como Flórida, Nebraska e Dakota do Sul.

Esse movimento se fortaleceu bastante nas redes sociais, como o X (antigo Twitter), e em grupos de bate-papo como o KakaoTalk, onde mulheres jovens se conectam para compartilhar experiências e ideais. Ao contrário do que muitos imaginam, o 4B não é um movimento radical contra os homens, mas uma forma de resistência ao patriarcado e à constante pressão para cumprir papéis tradicionais. As participantes acreditam que, ao se libertarem dessas expectativas, estão resgatando sua identidade e autonomia.

Entre as vozes desse movimento está Youngmi, uma enfermeira de 25 anos e natural de Daegu, uma das cidades mais conservadoras da Coreia do Sul. Ela cresceu sob a pressão de se encaixar nos padrões estéticos da sociedade, e, ao conhecer o movimento, decidiu parar de usar maquiagem e raspar a cabeça – ações simbólicas de rejeição ao sistema de beleza e às normas impostas às mulheres. Em entrevista para o site The Cut, ela reflete: “As coisas ruins que aconteceram na sua vida não são sua culpa.”, declara Youngmi, que vê no 4B uma maneira de reivindicar seu poder pessoal. 

O movimento também reflete uma mudança na forma como as mulheres coreanas estão lidando com suas carreiras e finanças. Ao se afastarem de expectativas como casar ou ter filhos, muitas estão investindo em sua educação e buscando independência financeira. Esse movimento se traduz em um crescente número de mulheres que buscam estabilidade econômica por meio do empreendedorismo e outras alternativas de trabalho autônomo.

Com a ascensão desse movimento, a Coreia do Sul presencia uma nova geração de mulheres que se recusam a ser definidas pelas expectativas sociais e estão lutando por um futuro mais igualitário e livre de pressões patriarcais. O 4B se torna, assim, um símbolo de resistência, força e transformação para aquelas que buscam escrever sua própria história.

Fontes: (1), (2), (3), (4)

Foto: Ryu Seung-il/NurPhoto via Getty Images

Sobre o autor

Estudante de Jornalismo pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), escrevo sobre geopolítica e outras coisinhas :)
Para sugestões de pauta: jjoanaelen@gmail.com

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