Boa noite, galera!
Bom, para começar, eu tive a brilhante ideia de colocar minhas antigas playlists para tocar em uma plena Quarta Feira de madrugada durante uma crise de nostalgia extremamente forte depois de ver que o Simple Plan está em São Paulo. Sim, Simple Plan. Quando eu era mais nova, era uma das minhas bandas favoritas, amava tudo, tinha até ido no show. Foi um dos melhores dias da minha vida, sem a menor dúvida.
E aí entre bandas e bandas, eu comecei a pensar mais profundamente sobre o assunto durante uma sessão de repetitiva de The Light Behind Your Eyes do My Chemical Romance. E eu lembrei. Quantas vezes eu não ouvi essas músicas quando estava mal? Quantas vezes eu não apertei o play em algum vídeo de tais bandas quando estava precisando de alguma companhia? Quantas inúmeras vezes as letras deles me impediram de fazer grandes bobagens comigo mesma?
Eu fiquei Tão, mas Tão sentimental pensando nisso que resolvi colocar em palavras algo que eu penso sempre e nunca tenho coragem de falar. Eu ainda pretendo fazer um vídeo sobre, mas como é um tópico muito delicado para se jogar assim… Resolvi desabafar escrevendo sobre mesmo.
Eu era uma criança que era muito zoada pelos outros. Seja pelo tamanho, pela magreza, pelo cabelo que não era liso e perfeitinho, seja pelo sotaque gaúcho ou seja pela arcada dentária que não era de Barbie nenhuma. Diante de tantos comentários sobre magreza, eu comecei a ir para a escola (isso no ensino fundamental) todo santo dia de casaco para tentar esconder meus braços, porque eu tinha vergonha. Poderia estar o calor de 35º, eu ficava com o maldito do casaco preto (porque tudo que eu tinha era preto basicamente), torrando de calor, mas pelo menos era menos zoada e me sentia um pouco melhor com as pessoas não olhando para os meus braços magros. Também fizeram a besteira de me colocarem um aparelho móvel daqueles de plástico com chavinha no céu da boca. Por que? Porque na escola eu era a ”Mônica”, a coelho, a zoada. E Deus…. Eu lembro que saía de casa com o aparelho e na escola tirava porque ele me causava enjoos e eu não suportava a dor que aquele pedaço de plástico causava. E o pior de tudo? Era SOMENTE para consertar a falha entre meus dentes da frente porque o resto da minha arcada era perfeita. Ainda lembro do dia que três meninas que adoravam me zoar fingiram ser minhas amigas e me desafiaram a ir com elas para cabular aula para ir no shopping que ainda estava fechada, caminhando demais para nada. E o motivo para ter feito isso? Bom, eu queria amigos, né. E quando somos crianças, isso importa. Minha vida toda tive mais amigos meninos, porque as meninas me zoavam muito mais, sem comparação. Mesmo porque eu gostava de coisas ”mais masculinas”, jogar bola, videogame, carrinho e etc. E bem… Em casa, não mudava muita coisa. Minha mãe nunca aceitou bem esse meu jeito, já chegando a falar bem alto em um restaurante lotado que eu ”deveria ser adotada, porque não era possível que eu fosse filha dela”.
Essas coisas que estou escrevendo aqui são tão, mas tão pessoais que eu nem sei o motivo de estar mostrando elas para vocês. Talvez pelo desejo de que se identifiquem? Não sei….
Continuando. Com todas essas coisas em cima de uma criança, o que esperavam? Claro. Fui desenvolvendo ansiedade. Uma ansiedade enorme e que me deixava cada vez mais paranoica comigo e com os outros. Quando já era um pouco mais velha, estava entrando no ensino médio, descobri meu interesse na arte e bem… Como era já de se esperar… Meus pais não apoiaram. Eles cortaram meu cursinho no momento que eu falei que tentaria Artes Cênicas e aquilo acabou com qualquer sonho que eu tivesse sobre o assunto.
Nessa época, a minha ansiedade aumentou exponencialmente. E o que apareceu? Indício de depressão. Fui à psicóloga após minha diretora do colégio falar com meus pais sobre eles acharem que eu mentia sobre passar mal na escola. Ela me viu chorando no celular porque meu pai não estava acreditando que eu estava em crise e resolveu intervir, o que foi ótimo… Até que… Eles cortaram a psicóloga porque ”não deve conversar com estranhos e sim conosco”, mas bem… Todos sabemos que é muito difícil pais conversarem numa boa sobre tudo, correto?
E a partir daí tudo piorou. Passei a fazer tudo isso que vocês sabem que pessoas depressivas fazem, só que no meu caso era uma forma de trocar uma dor pela outra. Até o momento que tentei acabar com tudo e só parei por uma música do My Chemical Romance que eu lembrei a letra na hora. Muita gente vem e fala ”Música me salvou”, mas não aconteceu nada demais para a pessoa dizer isso, ela apenas gosta muito de uma banda. No meu caso, foi o que realmente aconteceu. Assim como o MCR… Simple Plan, Paramore, Glee… Todos estes serviram como meu porto seguro quando eu não tinha absolutamente ninguém com quem contar. Eu tinha amigos? Tinha. Mas vocês realmente acham que uma pessoa com depressão vai sair panfletando isso e pedindo ajuda? Não. A pessoa se isola de uma forma que a dor vai te consumir até o ponto de você não aguentar mais. Por que? Porque é assim que ela age. Faz você pensar que é perda de tempo tentar falar com alguém, porque não vai fazer nenhuma diferença, porque nada vai mudar. E realmente, conversar pra mim nunca foi a melhor saída. Eu não sirvo para falar sobre meus sentimentos para outra pessoa. Prefiro enfrentar esses momentos como sempre fiz, me desligando de tudo e focando apenas nas minhas músicas. Pode demorar mais para passar? Pode. Mas eu sei que, pelo menos, vou estar contando algo que sei que é seguro e que não vai me abandonar nunca. Quantos amigos não me deixaram desde lá? Mas a música continua aqui sempre que eu preciso.
O intuito desse texto? Pra falar a verdade nem eu sei…
Tudo que eu sei é que até hoje eu tenho meus picos de depressão, onde preciso e quero me afastar de tudo e todos e viver só por mim e por aquilo que eu sei que é o melhor medicamento que existe. Muita gente não entende. Muita gente não aguenta passar muito tempo do meu lado por isso. Muita gente acha que é falso. Muita gente acha que é estranho. Mas o que fazer quando sua realidade é diferente da dos outros?
Você se adapta. Você aprende a conviver consigo mesmo. Você aprende a gostar mais de ficar sozinho do que cercado de pessoas. Principalmente nesses momentos.
Talvez seja porque eu ando vivendo um momento delicado em que muita gente não entende como eu funciono… Talvez seja por isso que eu esteja aqui. Mas eu realmente espero que eu toque alguém com esse texto. Que perceba que você não está sozinho enquanto você tem a arte, a música com você.
Acredite em mim, a música é o melhor medicamento.
Annyeong. ~<3