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K-Drama Concert em São Paulo: March12 revela sonhos e se conecta com fãs brasileiros

Texto: Vicky Barros
Imagem: March 12 via Instagram

Ele veio ao Brasil para uma série de shows, mas encontrou muito mais do que uma plateia apaixonada: encontrou inspiração. Em uma conversa sincera durante sua passagem pelo país, o cantor March 12 abriu o coração sobre como a energia dos fãs brasileiros e a imersão na cultura local o impactaram profundamente. De um sonho de infância ligado ao futebol a planos concretos de produzir um funk, o artista revelou que a experiência em terras brasileiras foi um divisor de águas em sua carreira e percepção artística.

A seguir, confira os melhores momentos da coletiva de imprensa que mostram como o Brasil conquistou, em definitivo, um espaço em sua música e memória.

P: Se você pudesse escolher apenas uma música que representasse sua vida para cantar, qual seria?

R: Eu acho que escolheria “Love in Iceland“. A razão é que eu me inspiro muito na minha vida diária para fazer minhas músicas. Essa canção foi inspirada por um período de 5 semanas que passei na Islândia, e foi todo esse cotidiano que me trouxe a inspiração. Da mesma forma, o tempo que estou passando aqui no Brasil está sendo muito libertador e diferente, estou sentindo uma energia muito característica. Talvez eu tenha que fazer também uma “Love in Brasil“, já que estou experimentando tantas coisas aqui.

P: Você começou com músicas em uma atmosfera de trilhas sonoras gigantes. Quais são as suas principais inspirações e qual é a sua identidade como artista de K-Pop?

R: Minha principal inspiração é o dia a dia, mas principalmente as pessoas que encontro: pode ser o amor, uma amizade, a família ou até pessoas legais que encontro casualmente. Faço questão de colocar isso nas minhas letras.

Já a minha identidade como artista é algo que ainda estou buscando conceituar. Estar no Brasil e ver que as pessoas gostam da minha música pela identidade que ela já traz me fez perceber muitas coisas. Agora estou trabalhando mais duro para aperfeiçoar minhas músicas e entender melhor essa presença dentro do cenário. Além disso, acredito que a identidade de um artista não é definida só por ele mesmo, mas também pela forma como o público recebe e interpreta a sua música. A percepção dos fãs também constrói quem eu sou como artista.

P: O que mais te surpreendeu na sua experiência de shows no Brasil e você pensa em lançar projetos especiais com a cultura brasileira?

R: O que mais me surpreendeu foi que, mesmo sendo a primeira vez que todos me viam e ouviam minhas músicas, eu recebi muito amor. Isso foi muito impressionante para mim. Sobre projetos futuros, eu comecei a ouvir e cantar músicas brasileiras e é mais divertido do que eu pensava. Eu não sei quando voltarei, mas já comecei a fazer músicas com uma pegada brasileira. Quero criar uma música de funk, porque a impressão que o Brasil me passou foi muito boa.

P: Sua música tem uma identidade marcante. Quais experiências mais moldaram o seu estilo como cantor?

R: A experiência que mais me moldou foi poder viver outras culturas. Quando você fica muito tempo apenas no seu próprio país, acaba ficando limitado ao que aquela cultura te oferece. Embora eu já tenha me apresentado em outros países, a experiência de conhecer outras culturas e pessoas que pensam diferente de você é sempre desafiadora e nova. Eu uso isso como uma força para continuar produzindo e incorporo essas diferenças na minha música. O Brasil, em especial, foi o lugar onde passei mais tempo e encontrei pessoas incríveis, o que me impactou muito.

P: Se você não fosse cantor, o que estaria fazendo?

R: Meu sonho era ser jogador de futebol. Treinei muito até o ensino médio, mas meus pais se opuseram à carreira, então mudei para a música. Se eu não fosse cantor hoje, com certeza estaria jogando futebol. Por causa desse sonho de infância, eu já amava e respeitava o Brasil, então poder finalmente estar aqui é uma experiência muito especial.

P: Você tem algum hobby que os fãs ainda não conhecem?

R: Eu tinha o hobby de ler livros, mas ultimamente tenho deixado de fazer. Um hobby que estou tendo hoje em dia é ir para a academia. Antes de vir para o Brasil, eu estava indo seis dias por semana.

P: Você tem algum sonho ou projeto que ainda não realizou?

R: A longo prazo, meus objetivos são grandes, como alcançar números altos, entrar na Billboard, coisas que são comuns no K-pop. Mas, a curto prazo, meu projeto seria criar um álbum ou uma música relacionada ao funk e ao Brasil. Eu penso muito se serei capaz de fazer algo que realmente remeta a essa cultura. Recentemente, realizei um sonho que era ter uma música em uma grande plataforma, que foi quando uma canção minha entrou na Netflix.

P: O que te motiva nos dias difíceis?

R: O que mais me ajuda é ler os comentários dos meus fãs no Instagram. Eu sou uma pessoa muito animada e otimista, então geralmente não passo por tantos dias difíceis. Mas ler os comentários me traz muita força e energia para continuar a cada dia.

P: O que te deu certeza para seguir a carreira de cantor?

R: Essa vinda para o Brasil foi o que mais me deu certeza de que estou no caminho certo. Sentir todo o amor, a energia e a paixão dos fãs brasileiros desde que cheguei me deu muita, muita certeza de que é isso que devo seguir.

P: O que mudou no seu processo criativo desde sua estreia em 2019?

R: O processo de criação em si não mudou muito, eu ainda começo com as letras, melodias e sons ao mesmo tempo. A maior mudança foi na minha capacidade de cantar, que melhorou muito. Antes, eu não gostava tanto de me ouvir cantar, mas hoje em dia, depois de evoluir, eu me agrado com o resultado que ouço, independente do gênero musical.

P: Entre suas músicas como “Love in Iceland”, “Orbit” e “Orange Light”, qual você considera mais especial e por quê?

R: Eu diria que é “Orbit“. Foi uma música que produzi inteiramente sozinho: escrevi, cantei e fiz o arranjo. O significado que eu queria expressar era mais profundo; eu queria criar uma sonoridade que fizesse a pessoa se sentir realmente na órbita de um planeta. Coloquei muito esforço nela, por isso é a mais especial para mim.

P: Como você escolhe os sons, melodias e letras para construir a atmosfera das suas músicas?

R: Acontece muito pelo meu instinto no momento. Um bom exemplo é a minha música “Together“. Na hora de gravar a guitarra, em vez de tocá-la do jeito tradicional, meu instinto me disse para apoiá-la na perna e bater nela para criar um som diferente. Tive essa inspiração de uma cena do filme “O Som do Coração” (August Rush) e achei que combinaria com a música.

P: Qual foi o momento mais marcante da sua primeira turnê no Brasil?

R: Eu estava muito preocupado com a reação do público, por ser minha primeira vez aqui. Mas, quando pude experienciar o show, fiquei muito feliz ao perceber o quanto o público brasileiro é animado e gosta de interagir. Isso me deixou ainda mais empolgado para os outros shows.

P: Existe algo do seu passado (um trabalho, uma expectativa) que você está feliz em deixar para trás para poder evoluir?

R: Na verdade, acho que ainda não tive essa experiência de deixar algo para trás. Sinto que ainda estou carregando tudo, inclusive as coisas difíceis. Mas, quem sabe, em breve eu viva tempos mais felizes onde eu consiga realmente deixar algo para trás e responder a essa pergunta.

P: Agora que sua turnê no Brasil está acabando, quais são os seus próximos passos?

R: Fiquei impressionado com o quão grande o Brasil é. Meu próximo objetivo é poder voltar e fazer uma turnê em outras cidades que não pude visitar desta vez. O país é imenso, e cada lugar tem cores e identidades diferentes. Quero poder conhecer mais e me apresentar em todos os lugares que não pude desta vez.

P: Por último, qual a sua mensagem para os fãs brasileiros?

R: Sei que todos vocês poderiam estar fazendo muitas outras coisas, mas estão tirando um tempo para vir aqui me conhecer e assistir ao show. Estou muito grato por vocês cederem um pouco do espaço e do tempo de suas vidas para mim. Para compensar isso, eu dou tudo de mim no palco, do início ao fim. Espero que todos se divirtam. Muito obrigado pra caralho!

Seguindo para o show, o artista mostrou carisma e proximidade, interagindo diversas vezes com o público ao longo da performance, criando uma atmosfera calorosa e acolhedora.

O artista não apenas cantou, mas interagiu constantemente com o público, arrancando sorrisos e criando um ambiente acolhedor e descontraído. Esse contato direto foi um dos pontos altos da noite, fazendo com que os fãs se sentissem parte ativa do show.

A apresentação ganhou ainda mais força com a inclusão de OSTs que marcaram gerações de fãs de K-Drama. Entre elas, “Stay With Me”, trilha sonora do dorama Goblin e um dos maiores sucessos do gênero, emocionou os presentes que cantaram em coro cada verso. Outro momento arrebatador foi a performance de “Sweet Night”, canção de V (BTS) que embalou a OST de Itaewon Class, elevando a energia e deixando a plateia em êxtase.

A escolha dessas músicas mostrou a sensibilidade de March12 em criar uma setlist que dialoga diretamente com a memória afetiva dos fãs brasileiros, reforçando a conexão cultural através da música.

Com sua voz marcante, March 12 conquistou o público e deixou claro que sua passagem pelo Brasil foi muito além de um simples show: foi uma celebração da música, da cultura e da relação especial entre artista e fãs.

Para quem esteve presente, a noite no VIP Station ficará guardada como uma lembrança inesquecível — e para March 12, uma prova do carinho e da força do público brasileiro.

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