Texto: nini vasconcelos
Design: Laura Pires
Título: 23,5 (adaptação da novel “23.5 When the Earth Is Spinning Around”)
Sinopse: Uma garota popular vai ficando cada vez mais envolvida com uma pessoa que ela só conhece online. E a colega apaixonada que está por trás disso não sabe mais o que fazer.
Gênero: Comédia, Romance, Juventude
Classificação indicativa: 12 anos
Dirigido por: Fon Kanittha Kwunyoo
Para iniciar o mês do orgulho LGBTIAPN+ com o pé direito, hoje estamos aqui para falar de “23,5”, primeiro GL (Girls Love) produzido pela emissora tailandesa de sucesso GMMTV!
Com uma premissa (aparentemente) simples, um cast encantador e uma direção de fotografia caprichada, o drama consegue nos conquistar desde seu primeiro episódio.
“23,5” é um GL para todos aqueles que já se apaixonaram perdidamente por alguém. É uma história de amor pura, que relembra a sensação de amar pela primeira vez.
Quem aqui já gostou tanto de alguém que não fazia ideia de como se aproximar dessa pessoa? Ou pior, quem aqui já se sentiu insuficiente para alguém que amava muito? Se você se sentiu representado em qualquer uma dessas frases, muito provavelmente você irá se identificar com a Ongsa (interpretada pela Milk), uma garota que, por sua insegurança, tenta não ser percebida socialmente, mas acaba se apaixonando por uma das meninas mais populares de sua escola, a Sun (interpretada pela Love).
Com seu jeitinho tímido e completamente apaixonado, a Ongsa representa perfeitamente todos aqueles que sentem seu coração acelerar só de receber uma mensagem do crush!
“23,5” é o tipo de drama que você assiste para sentir conforto, dar risadinhas e se apaixonar junto das personagens – apesar de alguns momentos de estresse considerável. É uma mistura perfeita de comédia jovial com romance.
A história se desenvolve a partir de uma premissa problemática – em que Ongsa finge ser um garoto, Earth, para conversar com a Sun – e, em sua conclusão, nos mostra que tudo que precisamos fazer para conquistar alguém é sermos nós mesmos!
No quesito técnico, temos uma direção sólida e relativamente simples, porém que cumpre integralmente seu papel, especialmente considerando o plot da história. Apesar disso, as direções de arte e fotografia merecem uma atenção especial, pois os cenários, paletas de cores e iluminação ficaram deslumbrantes visualmente!
Outro ponto técnico muito interessante e, nesse caso, essencial para a produção, foi a adição de efeitos sonoros durante as interações entre os personagens, que aumentaram a leveza, a fluidez e o humor das cenas. Entretanto, um ponto negativo sobre o som seria o fato de que a falta de uma trilha sonora musical fez muita diferença no desenrolar da história, por isso, em muitos momentos o potencial emocional não foi atingido.
Já as atuações estão muito boas e equilibradas, e esse é um ponto muito forte dessa produção! Duas pessoas que merecem o dobro de destaque por isso são a View, que interpretou a Aylin e manteve sempre todos os trejeitos diferenciados e complexos da personagem, e a Love, que interpretou a Sun e conseguiu trazer um equilíbrio emocional perfeito em suas expressões e falas!
Em uma visão geral, “23,5” é uma produção bem feita que, apesar de seu tom adolescente e sutileza narrativa, nos faz refletir sobre alguns pontos que vão além dessa fase colegial e podem ser aplicados em qualquer momento da vida.
Com isso em mente, eis aqui algumas das reflexões, sem spoilers ou muitas revelações, que podemos ter a partir de dois casais do drama:
Casal Principal — Ongsa e Sun:
Sejam sinceros com as pessoas que vocês amam, confiança é a chave para todo e qualquer tipo de relacionamento. Certa vez eu escutei que a confiança leva muito tempo para conquistar e é fácil demais de perder, e isso não poderia ser mais acurado. Uma única ação é capaz de destruir semanas, meses, e até mesmo anos, de conexão.
Outra reflexão importante que podemos ter, observando a Ongsa e a Sun, é a de que ninguém tem o direito de tomar decisões emocionais no lugar de outra pessoa. Não projete, ou seja, não idealize a sua realidade e seus sentimentos em cima de alguém. Converse com seu(a) parceiro(a) para saber como ele(a) vê e se sente sobre determinada situação, não assuma algo sem perguntar antes, mesmo que isso faça muito sentido na sua cabeça.
É normal essa atitude ser tomada em uma tentativa de não machucar o outro, contudo, esse tipo de ação pode acabar invalidando o que a pessoa que amamos sente e, dessa forma, ela possivelmente será a mais machucada da situação.
Sendo assim, é importante saber conversar e ser sinceros sobre nossas emoções.
Casal Secundário — Aylin e Luna:
Como diria a Aylin, seres humanos não prestam. E ela está certa sobre isso.
As pessoas vão nos machucar, derrubar nosso espírito e quebrar completamente a nossa confiança. Entretanto, para toda regra, existe uma exceção.
Todo mundo merece ser amado e, para isso acontecer, precisamos nos abrir e dar uma chance de aproximação para a pessoa na qual estamos interessados. Por mais difícil que seja confiar em alguém de novo, às vezes uma pequena brecha é o suficiente.
É normal sentir receio, mas a Aylin e a Luna nos ensinam que nem todo mundo vai entrar na sua vida para te machucar. Existirão pessoas que irão genuinamente admirar você e seus interesses, e tudo que elas vão querer é te ver feliz.
Por esse motivo, abra seu coração (na medida do possível) e se deixe ser feliz.
Antes de terminar essa review, gostaria de fazer algumas menções honrosas para personagens que, particularmente, foram indispensáveis na história!
O primeiro deles é o P’Ton, que é simplesmente a epítome do humor e da caricatice! Apesar dele ter sido majoritariamente utilizado para alívio cômico, aos poucos foi se mostrando uma pessoa muito boa e genuinamente preocupada com seus amigos.
Em segundo lugar temos a Alpha, que sempre que aparecia era para ser icônica (alerta de lacre haha)! Mesmo considerando que ela estava lá para ser uma ‘irmã mais velha’ e figura de responsabilidade, também pudemos observar que nem sempre a perfeição aparente de uma pessoa representa a realidade por trás do sorriso dela.
E em terceiro e último lugar, não poderia deixar de fora as professoras Nida e Bambam, que não apenas foram importantes para validar os sentimentos e ações dos personagens, como também eram adoravelmente engraçadas juntas.
Em conclusão, “23,5” é um ótimo GL, perfeito para os dias em que tudo que você precisa é aquecer seu coração e se sentir um adolescente apaixonado! É o equilíbrio absoluto entre os gêneros e, com toda certeza, vai ganhar um espaço especial na sua memória!
E, para aqueles que gostam de cultura queer, fiquem ligados, pois a HIT! está planejando trazer mais alguns conteúdos desse tipo durante o mês do orgulho.