Entrevista: Giovanna Araujo
Booking: Carol Steinert
Tradução: Samuel Eliasafe
Design: Vicky Barros
Afinal quem nunca quis ser amado verdadeiramente ou então conhecer e entender mais sobre o amor próprio? Com um talento incrível e sensibilidade única, Grizzly mergulha profundamente nesse tema, explorando diversas vertentes do sentimento no seu novo álbum. Em uma conversa com a HIT!, ele compartilhou detalhes sobre o processo criativo e inspirações por trás das músicas do seu novo projeto e como a sua arte é uma extensão das suas vivências.
Time HIT!: Você disse uma vez que, embora tenha crescido em um ambiente cercado por muito amor e afeto, o amor ainda é algo que você deseja. Quão importante é esse sentimento para você, tanto pessoalmente quanto artisticamente?
Grizzly: Cresci recebendo muito amor, mas ainda anseio por ele e por reconhecimento. Eu poderia dizer que eles são tudo para mim, especialmente neste álbum. Sinto um desejo maior por validação, principalmente quando tento realizar algo novo.
Time HIT!: Dando uma olhada no álbum, podemos ver um trabalho muito bem construído e harmonioso. Quando você começa a escrever uma nova música, o que geralmente vem primeiro: a melodia, a letra ou a ideia geral da mensagem que você quer transmitir? E como isso molda o resto do processo criativo?
Grizzly: A primeira coisa é a mensagem. Muitas vezes começo escrevendo a letra ou um texto antes de mergulhar no resto do trabalho. Uma imagem começa a se formar na minha mente. Costumo me concentrar significativamente na história que quero contar. Depois disso, tudo se desenrola em um instante, quase como mágica.
Time HIT!: Que tipo de mensagem você espera compartilhar por meio das músicas do álbum? Como você quer que as pessoas se sintam?
Grizzly: Espero particularmente que os ouvintes possam sentir meus gostos pessoais neste álbum. Quero que pensem: “Esse é o tipo de música que o Grizzly quer”. Após ouvir este álbum, espero que fiquem curiosos sobre que tipo de comida gosto, qual é minha cor favorita, quais roupas prefiro e a estação que eu mais gosto.
Time HIT!: Na faixa-título “FTS (Fuck That Shit)”, a letra expressa sua liberdade e como você não tem medo de cometer erros. Quão importante é para você ser livre e destemido?
Grizzly: Acredito que esse é um valor significativo como artista. Para ilustrar o que não quero manter perto de mim, eu diria que é qualquer coisa que atrapalhe a arte e a criatividade. Eu queria me ver quando abraçasse a arte sem medo. Estava curioso para saber se expressaria algo significativo ou se vacilaria. Portanto, a música transmite a ideia de que mesmo se cometermos erros, ainda devemos tentar.
Time HIT!: Suas músicas retratam temas da vida cotidiana de muitas pessoas, mas de uma forma artística e poética. Quão significativo é para você ver pessoas dizendo que se identificam com sua arte, com o que você escreveu?
Grizzly: Isso me traz um orgulho imenso. Existe algo mais alegre do que comunicar minhas intenções com precisão? Se a música transmite os sentimentos que a pessoa que escreveu e cantou tinham, eu não poderia ficar mais feliz.
Time HIT!: A letra de “Genie” retrata o desejo de realizar os desejos da pessoa amada, mas invertendo um pouco os papéis, se você tivesse três desejos para fazer para a pessoa amada, quais seriam e por quê?
Grizzly: Sobre os três desejos que tenho para todos que amo:
Primeiro, espero que continuem saudáveis.
Segundo, espero que me respeitem.
Terceiro, desejo que tenham responsabilidade.
Time HIT!: Em “Drunk” é retratado a busca por algo e o arrependimento de não conseguir encontrá-lo. Você tem algo que está constantemente tentando encontrar, mas ainda não encontrou? Pode ser qualquer coisa, um sentimento, uma resposta, até mesmo um objeto.
Grizzly: Não deveria existir. “DRUNK” é uma música inspirada na ideia de cantar embriagado. No entanto, não consigo lidar com álcool de jeito nenhum. Nunca desmaiei e, se desmaiasse, não me lembraria de nada. Portanto, é uma música sem propósito.
Time HIT!: Falando agora sobre o conceito, você acredita que essa é uma das principais partes para conectar o ouvinte à história que está sendo contada através das músicas do álbum?
Grizzly: Eu diria que o videoclipe de “FTS” pode ser descrito como o cerne deste álbum.
Time HIT!: É fácil perceber que você é uma artista que gosta de explorar diferentes técnicas vocais e tocar diversos instrumentos, mas se você pudesse escolher um ritmo musical para explorar de uma maneira melhor, qual seria e por quê?
Grizzly: Eu gostaria de explorar músicas no compasso 6/8. Curiosamente, todos os meus amigos parecem amar música nesse compasso. Eles dizem coisas como: “Uau, é uma sensação boa!”. Percebi que o público feminino parece gostar de música nesse compasso em particular.
Time HIT!: Qual é seu maior sonho como artista?
Grizzly: Independentemente do número de músicas, quero criar um álbum no qual tudo o que pretendo expressar seja transmitido com precisão ao público.
Time HIT!: Sabemos que existem alguns desafios na jornada de um artista independente, mas para você, quais são as vantagens dessa independência?
Grizzly: Significa que posso me expressar. Se eu não pudesse me expressar de forma independente, entraria em colapso. Esta é a principal razão que sustenta minha vida. A música é o único espaço onde posso me sentir relativamente mais livre.
Time HIT!: Quais são seus artistas favoritos e como você se inspira neles?
Grizzly: Justin Bieber e Dominic Fike me vêm à mente. Eles são artistas que tenho ouvido muito ultimamente. Não sei por que, mas acho ambos incrivelmente legais.
Time HIT!: Suas músicas têm um estilo muito distinto. Quais elementos você acredita serem fundamentais para definir sua identidade musical e como você trabalha para manter essa assinatura em diferentes projetos?
Grizzly: É mesmo? Muitas vezes me preocupo de que meu esforço para abraçar vários gêneros possa diluir minha identidade. Não encontrei uma solução, mas gostaria de tentar lançar uma variedade de músicas que me vêm à mente no momento.
Time HIT!: Olhando para seu trabalho até agora, há algo que você mudaria em termos de sua abordagem criativa ou decisões que tomou no início de sua carreira?
Grizzly: Eu já mudei bastante. Até apaguei videoclipes do YouTube que gravei há muito tempo e alterei capas de álbuns. Olhando para trás, é engraçado, porque na época devia ter desejado que tudo fosse perfeito. Mas não me arrependo, porque comecei a me entender melhor.
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