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Coreia do Sul admite fraudes e violações dos direitos humanos após “exportação em massa” de crianças para adoção

Recentemente, um inquérito histórico revelou que o governo sul-coreano cometeu inúmeras violações de direitos humanos ao longo de décadas em um programa controverso que enviou mais de 200.000 crianças e bebês para adoção no exterior. 

A investigação concluiu que a falta de supervisão das autoridades permitiu a “exportação em massa de crianças” por agências privadas que eram movidas pelo lucro, e encontrou exemplos de fraude, registros falsificados e coerção. Além disso, houveram diversas falhas na condução adequada das verificações de segurança de futuros pais, colocando em risco o bem-estar dos pequenos. 

Essa indústria de adoção em massa teve início por volta da década de 50, quando o país estava empobrecido e se reconstruindo da devastação da Segunda Guerra Mundial e da Guerra das Coreias. Estima-se que a Coreia do Sul chegou a lucrar cerca de US$15 – US$20 milhões (aproximadamente R$ 86.400.000 – R$ 115.200.000) por ano com essa prática. 

Os maiores destinatários de adotados coreanos entre 1953 e 2004 foram os Estados Unidos, França, Suécia, Dinamarca e Noruega.

Muitas das crianças adotadas, agora adultas em busca de rastrear suas origens, acusaram agências de coerção e engano, incluindo em alguns casos removê-las à força de suas mães. A Comissão da Verdade e Reconciliação do governo divulgou suas conclusões sobre os primeiros 100 casos analisados ​​de um total de 367 petições protocoladas por adotados enviados ao exterior entre 1964 e 1999.

Desses primeiros 100 casos, 56 foram identificados como “vítimas” da negligência do governo, o que equivalia a uma violação de seus direitos sob a constituição coreana e a convenção internacional. 

Quando as agências de adoção dependem de doações de pais adotivos, elas são pressionadas a continuar enviando crianças para o exterior para sustentar suas operações. Essa estrutura aumenta o risco de adoções ilegais”, afirmou o comissário Lee Sang-hoon em uma entrevista coletiva.

A comissão encontrou evidências de registros fabricados, incluindo “substituição deliberada de identidade” e relatórios falsos de que as crianças adotadas haviam sido abandonadas por seus pais biológicos. Muitas vezes, havia falta de consentimento parental adequado para adoção. 

A investigação de mais de 300 casos começou em 2022 e deve terminar em maio. Foi recomendado que o governo sul-coreano oferecesse um pedido oficial de desculpas, conduzisse uma pesquisa abrangente sobre o status de cidadania dos adotados e apresentasse soluções para as vítimas cujas identidades foram falsificadas.

Embora as adoções continuem hoje, a tendência tem diminuído desde a década de 2010, depois que a Coreia do Sul alterou suas leis de adoção em um esforço para abordar questões sistêmicas e reduzir o número de crianças adotadas no exterior.

Fonte: (1), (2)

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