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Atriz Kim Gyu Ri desabafa sobre força-tarefa que visava censurar artistas contrários ao governo sul-coreano

Neste domingo (9), a atriz Kim Gyu Ri compartilhou em suas redes sociais uma reação emocionada de alívio, após o Serviço Nacional de Inteligência da Coreia do Sul (NIS) acatar a decisão judicial que obriga o Estado a indenizar as vítimas da “Blacklist” do governo do ex-presidente Lee Myung Bak (mandato de 2008 a 2013).

“A sentença foi finalmente confirmada. Só quero parar de sofrer agora. O trauma é tão severo que tenho uma reação semelhante a uma convulsão só de ouvir o ‘Bl’ de ‘Blacklist’.”, desabafou a atriz conhecida por seus papéis em “Portrait of a Beauty”, “Green Mothers Club” e “Memento Mori”.

O que foi a Lista Negra do governo sul-coreana?

A Lista Proibida coreana foi uma força tarefa secreta – intitulada de “Força-tarefa de resposta a celebridades de esquerda” – liderada pelo governo e pelo chefe do Serviço Nacional de Inteligência (NIS), Won Se Hun, entre os anos de 2013 e 2016. O plano estatal visava censurar e negar apoio financeiro a artistas que fossem considerados de opinião contrária ao estado conservador de Lee Myung Bak. 

“Eu estava em uma premiação e, assim que meu nome apareceu na tela, recebi um telefonema de algum lugar. No dia em que eu deveria assinar um contrato para um projeto, ele foi repentinamente cancelado.”, compartilhou a atriz. Gyu Ri também revelou que, após comentar pela primeira vez nas redes sociais sobre a existência da lista negra, recebeu no dia seguinte uma ameaça de morte “caso não ficasse quieta”, além de um desconhecido que chegou a rondar sua casa por vários dias.

Em 2017, a lista contava com 82 nomes de figuras públicas, incluindo Lee Oi Soo, Jo Jung Rae, Jin Jung Kwon, Moon Sung Keun, Myung Kye Nam, Kim Min Sun, Lee Chang Dong, Park Chan Wook, Bong Joon Ho, Kim Mi Hwa e Kim Gu Ra. Ainda em 2017, 36 artistas processaram o ex-presidente, o chefe do NIS e o Estado por danos financeiros, psicológicos e culturais. Em primeira instância, o tribunal rejeitou a ação contra o Estado, atribuindo a responsabilidade apenas ao regente e a Won Se Hun.

Decisão do tribunal 

No dia 17 de outubro deste ano, o Tribunal Superior de Seul reverteu a decisão anterior e determinou que o Estado deve indenizar as vítimas em 5 milhões de wons sul-coreanos (aproximadamente de 18 mil reais).

No dia 9 de novembro, o Serviço Nacional de Inteligência emitiu um comunicado alegando não recorrer a decisão do tribunal e solicitando desculpas às vítimas: 

“Com esta decisão de desistir do recurso, esperamos que o sofrimento dos artistas afetados possa ser de alguma forma amenizado. Pedimos sinceras desculpas àqueles que sofreram danos materiais e psicológicos, bem como ao público em geral.” E enfatizou buscar garantir que tais incidentes não se repitam, adotando medidas como a extinção do departamento de inteligência interna, a eliminação de seus registros e a alteração da Lei do Serviço Nacional de Inteligência, a fim de proibir a criação de organizações semelhantes.

Essa não foi a única vez em que artistas recorreram à Justiça por conta de uma Blacklist. Em 2017, a ministra da Cultura da Coreia do Sul, Cho Yoon-Sun, renunciou ao cargo após ser acusada de elaborar uma lista com mais de 10 mil nomes de artistas — incluindo o escritor Han Kang e o diretor Park Chan-wook — cujas opiniões eram consideradas críticas ao governo da ex-presidente Park Geun-hye (2013–2017). O Tribunal de Seul emitiu um mandado de prisão contra a governante por abuso de poder.

Na época, o Ministério da Cultura emitiu um pedido de desculpas aos artistas.

Fonte: (1)

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