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Desafios das Minorias na Coreia do Sul: Uma Realidade Persistente

Ativistas querem quebrar o impasse legislativo de anos da lei antidiscriminação

Jamal, um trabalhador migrante de Bangladesh, compartilha sua experiência marcante na Coreia, onde a realidade do racismo contrasta com as expectativas. Ao longo de sete anos em várias fábricas, ele enfrentou não apenas as diferenças linguísticas e culturais, mas também a cruel discriminação racial. Suas palavras revelam um lado da Coreia que muitos desconhecem, onde ofensas diárias e exclusão no almoço são lamentavelmente comuns.

No transporte público, Jamal sente a desconexão, destacando outro aspecto da vida dos migrantes. A recusa das pessoas em se sentar ao seu lado no metrô ou ônibus, mesmo com assentos vagos, ilustra os desafios que muitos enfrentam diariamente.

A história de Kim Min-jeong, uma mulher bissexual, ressalta os dilemas das minorias sexuais na Coreia. Vivendo uma vida dupla para evitar julgamentos, ela destaca a falta de canais para discutir a discriminação e a ausência de proteção legal para aqueles que ousam ser autênticos.

Essas narrativas refletem uma realidade mais ampla na Coreia, onde a discriminação persiste apesar do status de país democrático. A pesquisa de integração social de 2022 destaca que 56% dos entrevistados não aceitam minorias sexuais, enquanto apenas 14% se sentem confortáveis com colegas queer.

A falta de uma lei antidiscriminação abrangente é uma lacuna crucial. Enquanto países da OCDE têm tais leis, a Coreia, juntamente com o Japão, permanece sem essa proteção legal essencial. Os ativistas de direitos humanos lutam por mudanças, mas enfrentam resistência, especialmente de grupos conservadores.

Os opositores argumentam que leis existentes já cobrem a discriminação, mas ativistas, como Mong da Coalizão Sul-Coreana para Legislação Antidiscriminação, discordam. Ela enfatiza as lacunas nas leis existentes, como a proteção limitada para desempregados sob a Lei de Igualdade de Gênero no Emprego.

Anton Scholz, jornalista e consultor alemão, destaca que uma lei antidiscriminação não apenas aumentaria a conscientização, mas também estimularia uma mudança de mentalidade. Na Alemanha, uma legislação semelhante mostrou ser eficaz na prevenção da discriminação.

Apesar do progresso lento, a recente proposta de quatro projetos de lei na 21ª Assembleia Nacional indica um movimento positivo. A deputada Jang Hye-young vê uma crescente voz pública pedindo mudanças, aumentando a esperança de que a lei antidiscriminação se torne uma realidade.

Embora os desafios persistam e ativistas enfrentem adversidades, pequenos passos em direção à igualdade estão sendo dados. A conscientização pública e o apoio são cruciais para transformar essas histórias em catalisadores de mudança real. A Coreia está em um ponto de inflexão, e é importante continuar pressionando por uma sociedade mais inclusiva e justa.

Fonte: The Korea Times

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