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POP K-CULTURE:  O KPOP ENQUANTO UM POTENCIAL A SER EXPLORADO (FINAL)

Ana Beatriz Medella

Rio de Janeiro,  , abril, 2023

Como dito antes, o principal meio de atuação do K-pop é através da internet, sendo  o lugar de maior troca de informação do nicho consumidor. Porém, é preciso pontuar que o espaço digital não é um limitante para que o K-pop seja consumido fora da internet. Com o passar dos anos, foi possível observar o crescimento de turnês que abarcam a Europa, América do Norte e, mais recentemente, a América do Sul.  Mesmo no início de 2023, já podemos ver uma quantidade considerável de shows marcados ou que já aconteceram em solo brasileiro antes mesmo do meio do ano. Entre os artistas que já vieram, encontramos nomes de peso, como NCT 127 e Super Junior. 

 Apesar de ser necessário considerar outras variáveis, a quantidade de fãs e, por consequência, a fama que um determinado grupo possui, em um dado território, é um fator de relevância ao considerar aquele país como um dos lugares propícios para um show. Ver o aumento de shows dentro do Brasil está ligado ao crescimento do consumo de pop coreano dentro do país. Porém, é preciso que seja feita uma pesquisa para reconhecer o público alvo, como um todo e em detalhes.

A relação entre a demanda e a oferta está posta e clara para os fãs brasileiros de K-pop e os responsáveis por providenciarem os eventos. No entanto, apenas essa informação não é suficiente para que seja realizado um show com qualidade e satisfação para todas as partes envolvidas. Há também de se considerar as distâncias entre Brasil e Coreia do Sul, distâncias que envolvem bem mais do que só a geográfica. 

 Quando os shows acontecem, existe toda uma organização por parte dos fãs, que vai desde antes do início das vendas de ingressos até a organização de projetos que são realizados durante o evento. A compra de ingressos extrapola a relação entre organizadores e compradores, já que ocorre de os ingressos esgotarem rapidamente nos sites. Ocorrem, então, trocas e vendas de ingressos entre fãs em sua maioria, por meio das redes sociais. 

Quanto às organizações que acontecem para o show, elas podem ser individuais e coletivas. Sendo as coletivas os projetos organizados por meio de fanbases, por exemplo, levar determinados cartazes que serão levantados durante o show, com o intuito de formar um enorme mosaico ou ,então, frases que serão ditas por toda a plateia em um determinado momento, visando demonstrar amor pelo grupo ou idol. As fanbases são as grandes responsáveis pela circulação de notícias de um grupo ou artista solo. Para quem trabalha nelas, essa responsabilidade significa cumprir uma rotina de horários, esperar por tradução de notícias ou mesmo aprender um outro idioma para traduzir. 

No caso do K-pop, quando olhamos para os fandoms, foi surgindo uma vontade,  até necessidade, de se compreender o idioma coreano. O objetivo não se limitava a compreensão das músicas, entender e traduzir as notícias também foi uma necessidade que surgiu à medida em que o K-pop se popularizou.

 Poder sobrepor a grande barreira, que é o idioma, faz com que o interesse pelo pop coreano se alargue ainda mais. As informações se tornam mais confiáveis quando traduzidas diretamente dos sites de notícia. A espera pela tradução em inglês para, depois, mais uma tradução em português, dá lugar a uma relação mais direta e rápida, que é a do coreano para o português.  

A experiência de acompanhar a carreira de um idol ou grupo pode ser passiva, mas a de estar em um fandom, envolve uma participação ativa. Não que, necessariamente, ser fã precise de grandes ações, porém, estar em um fandom é fortemente atrelado a votar em premiações, promover campanhas de stream em MV’s e, se possível, comprar álbuns. O interesse comum em torno de um grupo ou artista, vai construindo uma estrutura organizada e de identificação.

 No Brasil, o K-pop não é algo difundido e que faça parte do cotidiano geral como na Coreia do Sul, portanto, encontrar produtos é algo de difícil acesso, agravado pelo custo alto. 

Fonte: Buruttrack.business

Na Coreia do Sul, o Hallyu faz parte do imaginário coletivo, mesmo que não seja alvo de consumo de toda a sociedade coreana. A loja Buru Ttarak, popular pelos álbuns de K-pop, funciona desde 1979. Localizada em Jung-gu, é famosa também por vender produtos oficiais dos grupos. Outras lojas podem ser encontradas nos centros de comércio normalmente. Já no Brasil, esse comércio é feito, muitas vezes, por fãs. Nesse sentido, há tantos produtos de produção própria, os “fanmades”, quanto fãs que fazem a mediação de álbuns e produtos originais. Assim, fãs criam um estilo de vida próprio em torno daquele grupo ou idol.   

Fonte: Cosmo.ph

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O K-pop vem estruturando um consumo cultural que excede o consumo de produtos oficiais. Claro, não é a primeira vez que vemos esse fenômeno, já que no Brasil o consumo de animes também é perpassado por fanmades, bem como outros fandoms fora da cultura pop leste-asiática já faziam. Porém, observar esse movimento dentro do pop coreano, ajuda a entender a diversidade que existe dentro do meio e as movimentações que também envolvem compra e venda. Também fica claro que nem o sucesso do K-pop e nem seu nicho de consumo são desorganizados. Desmistificar e analisar o que acontece nesse meio, faz aparecer a potencialidade de ambos. 

Fontes: QUEM, IVISITKOREA, Estadão, EXTRA.

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