Rio de Janeiro, 12 de Janeiro de 2022
Texto por: Ana Beatriz (@heyanabea._
É através da globalização e avanços tecnológicos no campo da comunicação que o acesso cultural se expande e aprofunda. De forma cada vez mais rápida e simultânea, nós consumimos e compartilhamos uma produção audiovisual e/ou de áudio. Mas em meio a tantas produções inseridas no mercado global, as competições não só para chamar atenção como também para fidelizar o consumidor, são vorazes.
Os reflexos do hallyu no Brasil confirmam o desenvolvimento que a onda coreana tem desempenhado quanto ao seu objetivo de chegar a outros países. No questionário respondido via internet e divulgado no trabalho “CONSUMO E SUBCULTURAS JUVENIS: UM ESTUDO SOBRE AS PRÁTICAS DE CONSUMO DOS FÃS DE K-POP NO BRASIL” (2014), de Fernando da Silveira Mesquita Júnior, que contou com 303 respostas, constatou um equilíbrio entre gênero feminino e masculino, onde o gênero feminino se sobressaiu um pouco mais. No sentido de faixa etária, a pergunta englobava um grupo que ia de “menos de 10 anos” até “30 ou mais”, onde subcategorias foram criadas e divididas em subgrupos de quatro anos cada, com exceção da primeira categoria e da última supracitadas. O grupo que apareceu com maior quantidade de participantes foi o de “15 a 19 anos” com 174 participantes, seguido pelo grupo “20 a 24 anos” com 99 participantes.
Quando perguntados a maneira como conheceram, em específico, o Kpop a resposta que mais apareceu foi “internet” com 222 votos, seguido por “recomendação” com 66 votos. Mesmo que não representando um contexto nacional, devido a quantidade de participantes e da falta de uma categoria que mostre a região do país, é de se destacar que o hallyu, de fato, alcança em peso o público jovem por meio da internet.
Ao responderem como adquiriram gosto pela cultura sul-coreana, a resposta obtida foi a “sonoridade do gênero musical” com 98 votos, “cultura asiática” com 50 votos e “dinâmica do gênero musical” também com 50 votos. É de se trazer aqui que “videoclipes” aparece com 39 votos, tendo também um peso a ser destacado. Com um grande aparecimento da categoria “cultura asiática”, fica claro que o Kpop flutua junto a outros elementos leste-asiáticos, já difundidos e circulam no mercado do entretenimento, como é o caso dos mangás, filmes, animes e música pop japonesa. A categoria “dinâmica do gênero musical” se refere ao que acontece dentro do kpop que não sejam as músicas em si, como os comebacks, construção de um grupo e stages. Com esta categoria é possível ver a diversidade e reatividade presente no Kpop, trazendo muitos atrativos que compreendem gostos diversos dos fãs.
O Kpop é também conhecido por impactar para além do gosto musical, ocupando grande parte do que o indivíduo escuta e influenciando nos gêneros musicais escutados. Tal afirmação é contemplada quando, das 303 respostas, 104 afirmam que o pop coreano é “extremamente influente” seguido por 100 votos em “muito influênte”.
É interessante também trazer os dados acerca de como é a circulação do Kpop dentro do círculo de amizades dos respondentes. 172 respondentes afirmaram que o Kpop é um assunto corriqueiro dentro de seu círculo, enquanto 131 responderam que não é um assunto tão falado. E relembrando aqui, que a circulação do Kpop dentro de um grupo de amigos está além das músicas em si, sendo também uma forma de ecoar hábitos de consumo. Apesar de o questionário não trazer a especificação de se o círculo de amizades se dá fora ou dentro da internet, é de se ressaltar também que o consumo do hallyu como um todo se dá, principalmente, através da internet.
É nesse espaço que encontramos com maior força os fandoms de Kpop, que se dividem de acordo com os girl groups e boy groups dos quais são fãs. No grupo consumidor como um todo, existe uma organização interna própria que faz circular tanto informações acerca da cultura pop sul coreana quanto de produtos originais e feitos por fãs. A presença do grupo está principalmente nas mídias digitais já conhecidas, onde cada uma delas tem um papel específico.
A diversidade de produções feitas por fãs em cada uma dessas redes sociais digitais revela a disposição de consumir e participar do nicho. Os produtos feitos por fãs são mais uma prova da movimentação e organização que acontece. A relação estabelecida pelo hallyu através da globalização vai muito além de uma conexão entre fandom e os idols de um dado grupo. Na próxima matéria será explorado melhor a presença e os movimentos que acontecem dentro do campo de fãs brasileiros de Kpop. Da troca de photocards até a organização de competição de dança, o Kpop tem construído no Brasil, dinâmicas próprias de fãs que buscam se manter em conexão com o mundo da cultura pop sul-coreana.
Bibliografia:
MONTEIRO.Daniela S. M. A ONDA COREANA E A REPRESENTAÇÃO DO PASSADO EM “REPLY 1997”. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharel em Estudos de Mídia) – Universidade Federal Fluminense. Niterói, p. 70. 2014. Disponível em: https://www.academia.edu/11966294/A_Onda_Coreana_e_a_representa%C3%A7%C3%A3o_do_passado_em_Reply_1997_. Acesso em: 21 Dezembro 2022.
MADUREIRA. Alessandra. V. A. C. ALÉM DO GANGNAM STYLE:RELAÇÕES GLOBAIS, AUTENTICIDADE E FÃS DE KPOP NO BRASIL. Disertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal Fluminense, Niterói, p 138. 2018.