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São Paulo, 5 de outubro de 2024.
Pode ser no cinema ou na televisão, a Coreia do Sul tem obras de grande sucesso e que por isso foram adaptadas em vários países. A criatividade das histórias sul-coreanas deixou de ser consumida apenas no país para ganhar o mundo e inspirar adaptações em outras culturas. Esta edição do 5+1 é toda voltada aos filmes e K-dramas que receberam versões internacionais.
O amor impossível em “Siworae” e “The Lake House”
Em “Siworae” ou “II Mare”, filme sul-coreano do ano 2000, a imprevisibilidade do amor vence os limites do tempo e aproxima duas pessoas: uma mulher que vive em 1999 e um homem que vive no ano de 1997, mas que se comunicam entre si por meio de cartas. Protagonizado por Jun Ji-hyun e Lee Jung-jae, temos a história de um casal que tenta vencer a barreira entre passado e futuro para viver um amor atemporal. Nessa fantasia romântica, somos convidados a esquecer nosso lado racional e se aventurar nas emoções que “Siworae” entrega ao espectador.
Na adaptação estadunidense de 2006, agora com o nome de “The Lake House”, estrelado por Sandra Bullock e Keanu Reeves, tanto público quanto o mercado se surpreenderam com a temática fora dos padrões de filmes românticos lançados naquele mesmo ano. Foi um remake que se consolidou entre os fãs de fantasia romântica e até hoje é uma obra citada quando o assunto é amor impossível ou viagem no tempo. No Brasil, os filmes ganharam as seguintes traduções: “A Casa à Beira-Mar” (Coreia do Sul) e “A Casa do Lago” (EUA).
Crédito divulgação: My Drama List, Warner Bros Entertainment.
Amor bem temperado em “Oh My Ghost” e “OMG, OMG”
Exibido em 2015, “Oh My Ghost” caiu no gosto popular graças ao seu roteiro divertido e simples, mas muito passivo de identificação apesar da grande carga de fantasia. O casal de atores Park Bo Young e Jo Jung Suk dão vida aos protagonistas do drama: uma aprendiz de cozinheira e um renomado chef de cozinha. O romance com camadas tristes, felizes e picantes fez esta comédia romântica ganhar bastante atenção da audiência. O sucesso de “Oh My Ghost” repercutiu também na carreira dos atores principais, consagrando ambos como ótimos intérpretes para este tipo de gênero dramático.
Depois de uma longa espera e negociações, tivemos uma adaptação tailandesa intitulada “OMG, OMG” no ano de 2018, protagonizada por Pae Arak e Noona Nuengthida. Nessa versão, a equipe valoriza a culinária local e levanta tópicos importantes como o papel da mulher dentro do universo da culinária. No Brasil, os dramas são exibidos com os nomes de “Oh My Ghostess” (Coreia do Sul) e “Um tempero de outro mundo” (Tailândia).
Crédito divulgação: My Drama List, tvN, Studio Dragon.
A delicadeza do “Miracle in Cell nº7”
O roteiro mais improvável furou a bolha e cativou pessoas de várias idades. A criação do filme “Miracle in Cell nº7” de 2013 retrata a paternidade de um homem com deficiência intelectual e vítima de uma acusação injusta. Na prisão, recebe da filha o verdadeiro milagre: a presença dela com seu amor confiante, alegre e esperançoso. Interpretado por Ryu Seung Ryong, a história instigou críticas importantes sobre o sistema penitenciário sul-coreano e o preconceito contra famílias consideradas atípicas.
A sensibilidade da adaptação turca rendeu ao filme um ótimo desempenho na Netflix, integrando a lista dos mais assistidos em 2019. O ator Aras Bulut İynemli e a atriz mirim Nisa Sofiya Aksongur interpretam com profunda emoção a relação de amor entre pai e filha. A versão turca de “Miracle in Cell nº7” foi uma grata surpresa, reforçando o debate sobre discriminação e estereótipos contra pessoas com deficiência intelectual. No Brasil, tanto a versão original quanto a adaptação foram traduzidas com o nome de “O Milagre da Cela 7”.
Crédito divulgação: Viki, Netflix, My Drama List.
O amor desabrocha em “Flower of Evil”
Famoso por seu roteiro repleto de reviravoltas e plot chocante, o drama “Flower of Evil” marcou 2020 com um desfecho forte sobre violência familiar e saúde mental. O ator Lee Joon Gi interpretou o artesão misterioso casado com uma detetive policial, vivida pela atriz Moon Chae Won. A história é cercada por crimes e romance, mas também alerta sobre a estereotipação de pessoas que lidam com o transtorno de personalidade antissocial, condição patológica do protagonista.
Depois do grande sucesso da história original, a versão filipina gerou grandes expectativas quando foi confirmada. Com o mesmo nome, “Flower of Evil” foi adaptada em 2022 e precisou dialogar com a recepção dos dois tipos de audiência: a nova e a que já conhecia o drama original. Os atores filipinos Piolo Pascual e Lovi Poe deram vida ao icônico casal principal. No Brasil, apenas o K-drama foi exibido oficialmente com o título traduzido para “Flor do Mal”.
Crédito divulgação: tvN, Netflix, My Drama List.
Doses de emoção em “Good Doctor” e “The Good Doctor”
Amar a medicina e cuidar das pessoas, essas são as características do protagonista do K-drama “Good Doctor” de 2013. Estrelado pelo ator Joo Won, o drama narra com bastante ênfase a importância de valorizar o que sentimos e como sentimos. Em 20 episódios, o roteiro do drama “Good Doctor” mostra a trajetória de um médico cirurgião que lida com os preconceitos de profissionais e pacientes contra sua condição de pessoa que vive no espectro autista. Em uma época que pouco se falava sobre o assunto, o K-drama apresentou o autismo como algo a ser respeitado, entendido e dissociado de qualquer rótulo discriminatório ou pejorativo.
A versão estadunidense, “The Good Doctor”, recebeu sete temporadas, tendo um sucesso consolidado em termos de audiência, críticas e premiações. Protagonizado por Freddie Highmore, o drama médico estreou em 2017 e foi considerado a melhor série de televisão do ano de 2018. A série finalizou sua exibição em 2024 na sua sétima temporada. No Brasil, os dramas tiveram seu nome traduzido para “Bom Doutor” (Coreia do Sul) e “O Bom Doutor” (EUA).
Crédito divulgação: KBS, ABC.
Um recordista de adaptações: “My Sassy Girl”
Falar sobre comédia romântica sul-coreana e não citar “My Sassy Girl” de 2001 é algo inaceitável. Seja por sua fórmula simples, seu clichê bem estruturado ou por seu plot emocionante, o filme já recebeu adaptações em vários países, incluindo na Coreia do Sul que produziu dois filmes e um K-drama baseados nessa história. Na Tailândia o filme teve duas versões, assim como no Japão e na China. Estados Unidos e Taiwan foram outros países que se renderam ao enredo cativante de “My Sassy Girl”. No Brasil, o título foi traduzido para “Ironias do Amor” e a versão estadunidense foi bastante exibida durante as tardes da Rede Globo.
Cha Tae Hyun e Jun Ji Hyun foram os atores sul-coreanos que viveram os protagonistas da versão original. A história narra o encontro fatídico entre um universitário perdido e uma garota prestes a desmaiar devido ao uso excessivo de álcool. Nesse cruzamento de vidas diferentes, cada personagem se transforma graças aos sentimentos que o outro desperta: ela aprende com a leveza dele e ele amadurece com a intensidade dela. “My Sassy Girl” não é um romance superficial. Ainda que tenha muita comédia e bastante ironia, os temas tratados no longa fazem o espectador refletir sobre vida, amor, profissão e destino.